Por Calos Delano Rebouças
Algumas
pessoas declinam, com os mais diversos argumentos e com uma retórica muito
caprichada, dizendo-se, aliás, afirmando-se ser humilde e sem nenhum tipo de
preconceito, e com um sensato senso de definição de valores, mas que na
realidade, não refletem essa verdadeira imagem.
Relacionar-se
bem, socialmente, com pessoas das mais diferentes classes, cores e raças, e ter
em mente uma definição ponderada sobre valores, na vida, é na prática o perfil
previsto para o ser humano, sobretudo, para aqueles que enxergam tudo isso como
fator de evolução humana, num mundo cada vez mais corrompido e insulado de
conceitos que felizmente, ainda habitam a mente de muitos, mas que parecem
perdidos nos corredores da sensibilidade.
O
que significa o bem e o mal? Qual a nossa postura nessa visão maniqueísta? O
que de fato significa valores? Qual o preço do material, diante da possibilidade
de absoluta abstração?
Tantas
perguntas; pouquíssimas respostas. Contraditórias? Certamente.
Comportamo-nos
como se tudo que tem valor é aquilo que pode se precificar. Aquilo que se
materializa; que redunda no brilho dos olhos de uma sociedade, que quer ter,
ter, ter, e muito ter.
Essa
vontade de possuir, que eleva a capacidade de avaliar, leva-nos a também
avaliar o semelhante como se fosse uma mercadoria, onde sua tonalidade de pele
e sua vestimenta são sua embalagem; a sua voz, pode ser calar, na ausência de
argumentos e conhecimentos; e sua presença, anula-se ou torna-se preterida, ante
a preferência de outros atributos, que insistimos em dizer que não são
importantes. Nós acabamos fazendo uma venda enganosa do produto “eu”, onde
impera a já enraizada hipocrisia humana na definição de valores.
Embora
sejamos hipócritas, sempre resta uma esperança de mudarmos. Acreditamos na
redenção do homem e na sua libertação de tudo que possa corrompê-lo, diante do
preço por ele atribuído. Acreditamos, também, que com sua sapiência, consiga se
desvencilhar dos caminhos que o levem ao preconceito, acendendo no seu interior
a chama da humildade, a fim de que possa olhar para seu semelhante, e
enxerga-lo como um ser semelhante, como se representasse o seu espelho, onde
refletisse a sua imagem real e verdadeira, pura, isenta de valores mundanos, e bem
mais morais, éticos e espirituais.
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