PARA ONDE VAMOS FUGIR?
De: Carlos Delano
R. Pinheiro
Essa
pergunta todos os fortalezenses se fazem diante da crescente insegurança que se
instalou em nossa capital.
Voltemos para
o início do século passado. Quem não se lembra que a nata da sociedade fortalezense
se reunia nas famosas Praças da Lagoinha, dos Mártires (Passeio Público) e do
Ferreira, para bate-papos entre amigos num cenário de tranquilidade nas
proximidades de suas casas?
Essa mesma sociedade, que
encontrou espaço político - poder de decidir o destino de uma capital
emergente, que via o progresso bater à sua porta - esqueceu que junto com o
progresso viriam os problemas sociais que já assolavam as, até então, grandes
capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Salvador).
O crescimento desordenado da
cidade, a má distribuição de renda e a desvalorização da educação contribuíram
intensamente para o aumento da criminalidade na cidade de Fortaleza, fato esse
que levou essa burguesia a se instalar na sua nova aldeia.
Aldeota, bairro das elites fortalezenses, que
hoje seus moradores vivem trancafiados em casas e prédios majestosos,
intransponíveis até que a insegurança venha a crescer ainda mais.
Cresceu. A insegurança cresceu
tanto que vigilância armada, eletrônica e motorizada, além da nossa “excelente”
segurança pública, bem menos aparelhada que os bandidos, mas com viaturas
importadas, não mais conseguem vencê-la. Assaltos em cruzamentos de ruas,
entrada de condomínios e casas, saídas de bancos, shoppings e até de igrejas é
a constante de uma cidade que cresceu o suficiente para essas elites buscarem
lugares mais seguros para sossegarem e se deleitarem ao som de uma boa música
clássica e de um bom uísque importado.
Vamos para as Dunas, bairro
escolhido e criado para ser o verdadeiro quartel-general das elites
fortalezenses; cercados de grades de proteção, cães ferozes, seguranças
fortíssimos e bem armados; vigilância 24 horas; e que, por ironia do destino,
não conseguiram se privar de assaltos, sequestros, furtos e arrombamentos. Tudo
aquilo que um dia começara a acontecer nas praças do centro da cidade e que não
incomodara a ninguém, não importou, pois ainda viriam a Aldeota e as Dunas.
E que venham as Alphavilles,
Porto das Dunas e outros refúgios para aqueles que contribuíram para o
crescimento da violência em Fortaleza. Lembremos que um dia, ou melhor, um
século, a insegurança bateu em suas portas, porém não se preocuparam porque
tinham para onde fugir. Viva àquele cidadão que acorda ainda de madrugada para
trabalhar e pode sair de sua casa numa favela de Fortaleza e não sofre qualquer
tipo de violência, pois, o bandido local adota o lema de não praticar violência
contra os membros de sua comunidade. Prefere assaltar o bacana que para num
sinal da cidade em seu carro importado e que tem o poder de decidir o futuro de
uma capital.
Nenhum comentário:
Postar um comentário