Tenho saudades de um futebol cearense onde víamos grandes craques
desfilando na passarela verde do velho Presidente Vargas e do gigante Castelão,
que perdeu sua essência.
Tenho saudades do tempo que tínhamos três grandes na capital, e que o
Ferroviário amedrontava, tinha torcida e conquistava títulos, alegrando seu
fanático torcedor.
Tenho saudades do tempo em que as torcidas adversárias saíam juntas, sem
violência, com o sorriso estampado no rosto do vencedor, e a certeza, para quem
saiu derrotado, que um novo capítulo ia ser contado no próximo encontro.
Temos também muitas saudades dos grandes craques formados nos nossos
clubes, como Arthur, Pedro Basílio, Gildo, Da Costa, Jorge Veras, Pacoti,
Jardel, Adilton, Mota, e tantos outros. Também não podemos esquecer aqueles da
região, com a palavra Sérgio Alves, Assis Paraíba, Petróleo e Zé Eduardo.
Quanta saudade das festas feitas nos estádios, lotados, divididos, sem
ofensas e violência, predominando a paixão e o amor pelo clube.
Saudade da torcida Trovão Alvinegro, que muitos dos seus torcedores
chegavam sobre caminhões. Outros, de carros, caronas e ônibus, felizes, a
caminho do estádio.
Saudades do chá e café das arquibancadas e geral; da laranja descascada,
da meiota vendida nas arquibancadas, e do rolete de cana. Ah! Não posso
esquecer as rosquinhas e das broas vendidas nas bacias.
Quanto tempo se passou, não é? Não comprávamos ingressos antecipados,
pois tinha lugar para todos.
Lembro uma vez que eu e meus amigos levamos para a arquibancada do velho
PV uma bandeja com um camurupim frito, feito não somente para nós quatro,
amigos, mas para todos aqueles que estavam em nossa volta, desconhecidos, mas
parceiros alvinegros, apaixonados pelo mesmo time.
Quantas vezes preferi assistir aos jogos no PV encostado ao alambrado,
por estar bem perto dos quiosques que nos serviam com suas bebidas e
tira-gostos. Depois do jogo, era ali que iniciávamos as nossas resenhas.
Esse tempo já passou, infelizmente, pois já estamos numa nova fase do
nosso futebol. Felizmente para alguns, saudosos, como eu, que já passou um
pouquinho dos 40 anos, o mais importante é que temos uma excelente memória para
recordar os belos tempos do futebol cearense e sentir saudades.
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