Autor:
Professor Carlos Delano
Lembro-me muito bem, mesmo quase tido feito parte
de minha infância, da telenovela global, O Bem Amado, que retratou tantos fatos
de uma realidade tão comum em tantas cidades do nosso Brasil, pela visão de
Dias Gomes, na fictícia Sucupira. Nela, que posteriormente, mais precisamente
em 2010, virou filme, podemos refletir sobre a verdadeira postura de tantos
símbolos da sociedade brasileira, com as mais diferentes posturas.
O Bem Amado mostrou mesmo de forma cômica, também
não tão diferente da realidade de hoje, o prefeito Odorico Paraguaçu administrando
a cidade como se fosse não somente o quintal a sua casa, mas a casa inteira.
Engraçado, o personagem do saudoso Paulo Gracindo até que arranca ainda hoje
muitas risadas, principalmente quando comparado aos administradores reais do
nosso país.
O vigário, com todas as características dos de
sempre, de tantas outras obras literárias, folhetins e até de um mundo real, também
é representado. Envolve-se completamente com a sociedade, frequentando
intensamente as casas dos fieis, comendo de tudo, sabendo da vida íntima de
cada membro e sendo protagonista de escândalos tão semelhantes quanto aos que
observamos hoje.
O delegado típico de tantas obras, em O Bem Amado
não apareceu. Mas, fazer a justiça ser cumprida, ficou a cargo do personagem
Emiliano Medrado, o “Coronel” da cidade, que na realidade, cumpria todas as
ordens do prefeito Paraguaçu. Interesses comuns, pela conveniência, também
retratada nos dias de hoje.
A sociedade de Sucupira era muito eclética quanto
as suas crenças, opiniões, estilo de vida e comportamento. Personagens como
Dirceu Borboleta, as irmãs Cajazeiras, Tião Moleza, Mestre Ambrósio, dentre
tantos outros, representam tantos brasileiros, de tantas cidades brasileiras e
em diferentes culturas. Entretanto, o Zeca Diabo, interpretado pelo grande ator
Lima Duarte, tornou-se marcante pelas características singulares de um
personagem tão emblemático nesta obra da dramaturgia brasileira.
O bandido, temido pela sociedade, fiel de Padre
Cicero, engraçado, aterrorizou o povo de Sucupira. Levou medo aos mais
poderosos ou que se achavam poderosos. Fazia muitos perderem o sono só em
pensar em cruzar com ele na cidade e pensar em ser o primeiro a inaugurar o
cemitério da cidade.
Que saudade de bandidos assim, fictícios!
Hoje, não funciona assim. Os bandidos não nos
arrancam risos e sim, choro, lágrimas. Hoje, aliam-se também aos poderosos, ou
são os poderosos que se aliam a eles? Há quem diga que existe a categoria dos
poderosos bandidos. Alguém tem alguma dúvida?
O Bem Amado fez muito sucesso e ainda faz,
principalmente ao lembrarmos ou revermos seus episódios. Já os episódios da
vida real merecem ser esquecidos, quando os personagens reais, que representam
pessoas públicas mostram comportamento reprovável, entristecedor, digno de
vilões de um mundo cada vez mais injusto.
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