Linguagem Literária e Linguagem Não Literária
Sabemos que a "matéria-prima" da literatura são as palavras. No entanto, é necessário fazer uma distinção entre a linguagem literária e a linguagem não literária, isto é, aquela que não caracteriza a literatura.
Embora um médico faça suas prescrições em determinado idioma, as palavras utilizadas por ele não podem ser consideradas literárias porque se tratam: 1. de um vocabulário especializado e 2. de um contexto de uso específico. Agora, quando analisamos a literatura, vemos que o escritor dispensa um cuidado diferente com a linguagem escrita, e que os leitores dispensam uma atenção diferenciada ao que foi produzido.
Outra diferença importante é com relação ao tratamento do conteúdo: ao passo que, nos textos não literários (jornalísticos, científicos, históricos, etc.) as palavras servem para veicular uma série de informações, o texto literário funciona de maneira a chamar a atenção para a própria língua (FARACO & MOURA, 1999) no sentido de explorar vários aspectos como a sonoridade, a estrutura sintática e o sentido das palavras.
Veja abaixo alguns exemplos de expressões na linguagem não literária ou "corriqueira" e um exemplo de uso da mesma expressão, porém, de acordo com alguns escritores, na linguagem literária:
Linguagem não literária:
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Linguagem literária:
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Anoitece. |
A mão da noite embrulha os horizontes. (Alvaregna Peixoto)
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Teus cabelos loiros brilham.
| Os clarins de ouro dos teus cabelos cantam na luz! (Mário Quintana) |
Uma nuvem cobriu parte do céu.
| ... um sujo de nuvem emporcalhou o luar em sua nascença. (José Cândido de Carvalho) |
Aos cinquenta anos, inesperadamente, apaixonei-me de novo.
| Na curva dos cinquenta derrapei neste amor. (Carlos Drummond de Andrade) |
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