Por Carlos Delano Rebouças
Experimente
sugerir para alguém uma produção de texto qualquer, sem mesmo definir uma
temática, que de pronto certificará uma rejeição por completo ou pelo menos,
rejeições parciais, seguidas dos mais diversos questionamentos, que significam,
de fato, um convite nada agradável.
Um
professor em sala de aula, de língua portuguesa, numa atividade de produção
textual, ou um profissional de desenvolvimento humano, num processo de seleção
de profissionais, quando apresenta aos alunos ou ao grupo de candidatos uma
proposta de produção textual, de cara se percebe que não se trata de uma
atividade bem vinda. Parece que significa a mais difícil e complicada atividade
de aprendizagem e conhecimento.
Há
quem diga que nem sempre é assim - que nem todo mundo reage à produção de um
texto como algo a ser temido – e demonstra toda uma identificação com a “arte”
de escrever. Certamente que damos a nossa concordância, até mesmo porque no
mundo existem pessoas que gostam de ler e de escrever, e enxergam na prática da
escrita a oportunidade de externar seus pensamentos; de estimular-se em busca
de outros, vasculhando seus conhecimentos, muitas vezes retidos em suas
memórias, diante da falta da prática de escrever; como também, veem que seus
escritos podem fazer a diferença na vida de muitas pessoas, que os leem, até
mesmo, despretensiosamente.
Às
vezes, quando assisto ao Programa do Jô, na rede Globo, vendo a apresentação de
placas escritas erradas, colhidas e enviadas de toda parte do Brasil, que viram
piada, e arrancam muitas risadas, não somente do Jô Soares, apresentador,
escritor e muito culto, mas, principalmente, de sua plateia e telespectadores
do programa, que na sua maioria, com certeza, deve escrever as mesmas
barbaridades apresentadas, certifico-me que estamos muito distante de aceitar a
nossa verdadeira realidade, aquela de que estamos no mesmo barco.
Ainda
falando da reação das pessoas – plateia, e todos nós, espectadores - quanto à
apresentação das barbaridades escritas em placas, faixas e fachadas de prédios,
todos de acesso público, ratificadas pelas estrondosas risadas e gargalhadas
percebidas, infelizmente, enxergamos as razões pela qual representam um
atestado de aceitação de uma realidade, comum em todos os brasileiros, ou em
sua grande maioria, que parece despreocupada se são ou não, protagonistas desta
tragicomédia. É aceitar, de fato, que faz parte de uma massa sem conhecimentos
necessários, para externá-los numa folha de papel.
Enquanto
isso, continuemos, nós brasileiros de uma pátria que se diz educadora, em nos manter arredios à leitura, à escrita, e a toda e qualquer forma de
aquisição de conhecimento, como se nada representasse para a edificação e
dignidade humana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário