O liberalismo, que tem como princípio a liberdade individual, tornou-se ideologia dominante no capitalismo. Para os liberais, quanto menor a intervenção do Estado, maior a chance de todos prosperarem.
Na economia, a doutrina se consolida no século XVIII, quando o filósofo Adam Smith publicou A Riqueza das Nações (1776), no qual apresentou a metáfora da “mão invisível do mercado”, pela qual os indivíduos, guiados pelos próprios interesses, promoveriam o bem-estar de todos, mesmo sem essa intenção.
O americano Milton Friedman, um dos mais influentes teóricos do liberalismo econômico no século XX, dizia que “sociedades que põem igualdade antes de liberdade acabam sem nenhuma das duas. Enquanto as que põem liberdade antes de igualdade acabam com uma boa medida de ambas”.
Para os liberais, o papel do Estado deveria se restringir basicamente a proteger seu povo da coerção física de outras pessoas e outros governos; garantir a defesa nacional, a lei e a ordem; o direito à propriedade; oferecer mecanismos para que os cidadãos decidam se concordam ou não com as leis; e a julgar litígios. Educação, saúde e previdência, por exemplo, seriam responsabilidade de cada um.
No Brasil, independentemente do campo ideológico, o liberalismo não foi bem aceito. “Tanto direta como esquerda ambos gostam do Estado forte. A estatização é reivindicação coletiva de longa data”, diz Rui Martinho Rodrigues, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Comportamento
Do ponto de vista moral e político, no entanto, as ideias liberais foram absorvidas, aponta o cientista político Valmir Lopes: “A sociedade brasileira, que nasce no século XIX, nasce liberal nos seus princípios formais constitucionais, mas não na sua dimensão econômica nem no papel de destaque ao Estado na organização política”. E acrescenta: “O Estado é um Deus para a sociedade brasileira, tudo faz e tudo pode.”
Sobre o pensamento antiliberal na economia, Lopes diz que o brasileiro, em geral, atribui os males do mundo ao individualismo e ao capitalismo. “Boa desculpa para não pensar sobre as razões individuais que são constituidoras da vida. Entidades abstratas, como o sistema econômico, mascaram nossa irresponsabilidade individual para conduzirmos nossa vida de maneira responsável.”
O presidente do Instituto Liberal do Nordeste, Rodrigo Marinho, defende que os princípios liberais têm influencia na qualidade de vida e, por se afastar deles, o Brasil acaba ocupando as últimas posições em rankings de liberdade econômica e de economias mais fáceis de fazer negócios. Respectivamente 114º colocado, segundo a fundação Heritage, e 120º, segundo a Doing Business. “Os países mais livres do mundo são aqueles com maior facilidade para aberturas de empresas, mais liberdades políticas, um maior respeito à diversidade sexual. Em regra, quanto mais livre melhor é o IDH (Índice e Desenvolvimento Humano).”
Fonte: Opovo
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