Por Carlos Delano
Rebouças Pinheiro
Olhando para o céu do
nordeste do Brasil em noites de outubro, remete-nos a procurar uma nuvem,
daquelas que nos forçam a acreditar que pode sinalizar chuva. Mas que pena, só
avistamos o céu, protagonista maior de filme tão antigo.
O nordestino há anos fica
sempre a espera de uma gota vinda do céu. Na esperança que no cair da noite,
quando o dia se encerra, sob um calor imensurável, castigante, veja um céu
pouco estrelado, não pela carência dos astros, que iluminado pela lua, dá o seu
contraste, mas pelo aparecimento de visitante que teima em não chegar. As
nuvens.
As nuvens parecem ser mesmo
de algodão, aliás, daquele algodão que não consegue brotar da terra, diante de
tanta estiagem. O céu cada vez mais com estrelas, inúmeras, impossíveis de
serem contadas, até mesmo porque parecem se multiplicar. Pena que são estrelas
sem brilho, perdido, no olhar entristecido do homem do campo, que insiste em
olhar para o céu a procura de nuvens, porém, ver somente estrelas.
Hoje, as inquietações do
homem do campo não são mais falsos privilégios. Buscar esperanças nas nuvens,
com o desejo de que cheguem as chuvas e lavem todo o sofrimento do nordestino
brasileiro, de um rosto enrugado, diante de tanto sofrimento, parece ser
dividido por outros povos do nosso imenso país. Venha chuva, logo, depressa,
pois estamos com sede. Este é um grito só, de um Brasil ensolarado, brilhante,
verde e de tantas estrelas no céu de sua bandeira.
Existe um vídeo na
Internet que mostra uma realidade de décadas futuras, sob a visão de um
habitante deste planeta, a qual tem uma contundente narração de como será a
nossa existência, diante da nossa incompetência em gerir nossos recursos
naturais. É de fato muito preocupante.
Fez lembrar o filme “O
Livro de Eli”. Alguém já assistiu? Como a água é preciosa e não a valorizamos!
Mesmo assim, insistimos
em procurar nuvens nos céus e o brilho das estrelas. As estrelas podem até se
apresentar, mas seu brilho e sua inspiração estão cada vez menos apreciáveis. O
sofrimento que outrora era exclusividade de nordestino, hoje, é representa
revolta de tantos outros irmãos brasileiros, aos quais não querem acreditar que
as nuvens parecem de algodão.
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