por Carlos Delano Rebouças
Lembro-me do início de minha vida escolar, no saudoso Colégio
Educandário Casimiro de Abreu, na Barra do Ceará, cuja direção, por longos
anos, esteve nas mãos do também saudoso Professor Joaquim Batista de Lima. Por
lá, aprendemos muito, principalmente o senso de civismo que hoje não se
consegue mais definir.
Todos os dias, enfileirados, todos os alunos encaravam como
um ritual cantar em coro o nosso hino nacional antes de adentrar a sala de aula
na quadra poliesportiva. Hei daqueles que não o cantassem corretamente ou
desviasse a atenção para outras coisas. Assim também era com os demais hinos,
como os famosos da Bandeira, da Independência, do estado do Ceará, do soldado
brasileiro, dentre tantos, cantados principalmente nas datas comemorativas.
Ai que saudade deste tempo..., de educadores com o Professor Joaquim, que zelavam pelo senso de civismo de seus alunos e que permitem, hoje, com grata lembrança, que possamos declinar alguns dos belos versos, destes belos hinos, ainda desconhecidos pela grande parte da juventude brasileira.
Saudades, também, de algumas disciplinas que fizeram parte de juventude estudantil brasileira até a década de 80, como por exemplo, a de Organização Social Política Brasileira, ou simplesmente, OSPB. Esta matéria, como era mais denominada pelos alunos, por muitos anos no Brasil, proporcionou a muitos brasileiros a possibilidade de adquirir um pouco mais de consciência cívica, de senso de cidadania e de amor ao nosso país. Fez com que essa “brava gente brasileira” pudesse desenvolver seu senso crítico sobre os seus direitos e deveres, de uma nação que carecia de um sentimento nacionalista.
Mas voltando aos meus tempos de estudante do Colégio
Educandário Casimiro de Abreu e à louvável atitude do eterno Professor Joaquim,
posso, hoje, entender que velhos tempos não voltam mais. Que os ensinamentos de
um passado não tão distante insistam em se manter vivos na memória daqueles
estudantes, isso mesmo, na memória, já que nos livros de OSPB, os gestores
públicos da época trataram de eliminar, com a abolição de uma disciplina que
servia como arma contra seus interesses.
O povo brasileiro não precisa cantar o hino nacional; não precisa saber que feriado é o do dia 07 de setembro, nem o do dia 15 de novembro, muito menos, saber quem foi Tiradentes e se a sua morte, representa um dia de feriado no calendário nacional. São conclusões tiradas e aceitas ao longo do tempo, decorrentes da postura política em nosso país.
Na realidade, para os políticos brasileiros, mesmo
os que não tiveram ou não aproveitaram a oportunidade de ter estudado, como eu,
em uma escola como Educandário Casimiro de Abreu, e sob a direção de um
educador como o Professor Joaquim, jamais sentiram saudades desse tipo de
conhecimento, quanto mais, da velha Organização Social Política Brasileira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário