terça-feira, 8 de setembro de 2015

UM DIA PENSEI...

Por Carlos Delano Rebouças

Um dia pensei que existia Papai Noel, mas logo percebi que o trenó não voava, que a barba era de algodão e que tudo acabava quando o presente não chegava. O Natal passou e fiquei esperando...

Um dia pensei que as nuvens também eram de algodão, como as barbas do famoso velhinho, e que a chuva era resultado do choque entre tantas que desenhavam os céus, promovendo o som ensurdecedor do trovão, anunciado pelo clarão dos relâmpagos, no acender e apagar de luzes.

Um dia pensei que nascíamos sempre frutos de um amor, entre dois seres que se escolhiam, como cada lado de uma moeda, que não se separa, mesmo que a vontade dos homens tentasse estabelecer um fim.

Pensei serem verdades, e quantos enganos persistem e insistem em nos enganar, ainda, nesta nossa vida, que insistimos em acreditar que pode ser um conto de fadas e não um conto de falhas. Assim somos nós, alimentando sonhos, desejos, que nem sempre são nossos, e desculpem se parecemos egoístas.

Pensar que o primeiro amor será o único grande amor, e verdadeiro, que cega de vontade em aceitar que não é, parece pura ilusão ou uma ingenuidade peculiar de um iniciante na arte de amar? Pode ser, quem sabe, mas a certeza se tem quando se acaba, quando não é correspondido, ou quando se conhece uma nova pessoa, uma nova paixão, ou um novo amor.

Bem que pai e mãe poderiam ser eternos, aliás, todos aqueles que amamos de verdade. Um dia pensei que fossem, mas quando perdemos alguém, vemos que somos mortais, passageiros, e o que fica? Somente o verdadeiro sentimento que existiu.

Pensando bem, como seria maravilhoso se muito do que pensamos fosse verdade, ou seja, que as pessoas que amamos fossem eternas; que o famoso trenó voasse como uma nave, deixando os presentes nas casas de cada criança deste mundo; que as nuvens fossem mesmo de algodão, diferentemente da barba do “Papai”, que veste em vermelho no natal, porém, encharcadas de água o bastante para derramar neste mundo que morre de sede; e que o amor fosse inquestionavelmente eterno, verdadeiro e compartilhado entre os homens.

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