Por Carlos Delano Rebouças
Um dia pensei
que existia Papai Noel, mas logo percebi que o trenó não voava, que a barba era
de algodão e que tudo acabava quando o presente não chegava. O Natal passou e
fiquei esperando...
Um dia pensei
que as nuvens também eram de algodão, como as barbas do famoso velhinho, e que a
chuva era resultado do choque entre tantas que desenhavam os céus, promovendo o
som ensurdecedor do trovão, anunciado pelo clarão dos relâmpagos, no acender e
apagar de luzes.
Um dia pensei
que nascíamos sempre frutos de um amor, entre dois seres que se escolhiam, como
cada lado de uma moeda, que não se separa, mesmo que a vontade dos homens
tentasse estabelecer um fim.
Pensei serem
verdades, e quantos enganos persistem e insistem em nos enganar, ainda, nesta
nossa vida, que insistimos em acreditar que pode ser um conto de fadas e não um
conto de falhas. Assim somos nós, alimentando sonhos, desejos, que nem sempre
são nossos, e desculpem se parecemos egoístas.
Pensar que o
primeiro amor será o único grande amor, e verdadeiro, que cega de vontade em
aceitar que não é, parece pura ilusão ou uma ingenuidade peculiar de um
iniciante na arte de amar? Pode ser, quem sabe, mas a certeza se tem quando se
acaba, quando não é correspondido, ou quando se conhece uma nova pessoa, uma
nova paixão, ou um novo amor.
Bem que pai e
mãe poderiam ser eternos, aliás, todos aqueles que amamos de verdade. Um dia
pensei que fossem, mas quando perdemos alguém, vemos que somos mortais, passageiros,
e o que fica? Somente o verdadeiro sentimento que existiu.
Pensando bem,
como seria maravilhoso se muito do que pensamos fosse verdade, ou seja, que as
pessoas que amamos fossem eternas; que o famoso trenó voasse como uma nave,
deixando os presentes nas casas de cada criança deste mundo; que as nuvens
fossem mesmo de algodão, diferentemente da barba do “Papai”, que veste em
vermelho no natal, porém, encharcadas de água o bastante para derramar neste
mundo que morre de sede; e que o amor fosse inquestionavelmente eterno,
verdadeiro e compartilhado entre os homens.
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