terça-feira, 25 de agosto de 2015

LÍNGUA PORTUGUESA

Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela, 
És, a um tempo, esplendor e sepultura: 
Ouro nativo, que na ganga impura 
A bruta mina entre os cascalhos vela 

Amo-se assim, desconhecida e obscura 
Tuba de algo clangor, lira singela, 
Que tens o trom e o silvo da procela, 
E o arrolo da saudade e da ternura! 

Amo o teu viço agreste e o teu aroma 
De virgens selvas e de oceano largo! 
Amo-te, ó rude e doloroso idioma, 

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!", 
E em que Camões chorou, no exílio amargo, 
O gênio sem ventura e o amor sem brilho! 

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