sábado, 22 de agosto de 2015

COMO SE UNISSEM JUDEUS E PALESTINOS

Autor: Carlos Delano Rebouças

Entender o funcionamento da política em nosso país passou de uma tarefa difícil para os mais esclarecidos, de quase impossível, para os menos politizados. Ninguém mais sabe e nem consegue justificar as atitudes tomadas.

Do princípio que partido político significa um grupo organizado, legalmente estabelecido, com base em formas voluntárias de participação numa associação orientada para influenciar ou ocupar um espaço na sociedade, e na defesa de interesses, através de doutrinas elencadas e compartilhadas entre seus correligionários, entende-se que determinas alianças políticas no Brasil, tornaram-se extremamente difíceis de engolir.

Essas alianças sempre existiram na política brasileira, embora ultimamente, mais precisamente nas duas últimas décadas, apresentam-se de forma mais escancaradas e porque não, descaradas. Geralmente aconteciam entre partidos que tinham certa semelhança doutrinária, agora, nos recentes pleitos, isso não mais vem acontecendo, fazendo-nos testemunhar a confirmação de determinadas alianças entre partidos teoricamente opostos nas suas concepções políticas, doutrinárias, numa real ratificação de interesses comuns, bem diferente de suas defesas partidárias.

São atitudes que resultam, para os mais esclarecidos politicamente, numa situação de perplexidade, diante do entendimento que no Brasil, a política não tem identidade e nem escrúpulo, e sim, falta de vergonha. Seria como aliar Judeus e Palestinos num mesmo interesse, que contrariasse suas teses, defendidas há tanto tempo, e vistas como sagradas para seus defensores.

Esquerda e direita, e situação e oposição num mesmo palanque, hoje, no Brasil, é comum. Inimigos se unem na mesma foto e pelo único objetivo, mesmo que seja somente numa esfera do puder. Quem apoia candidatos do seu partido em nível nacional, por exemplo, apoia adversários em nível estadual, e vice-versa, entende? Não? Confuso, não é? Assim está sendo a política no Brasil.

Fato é que tudo isso vem acontecendo, descaradamente, diante da aceitação total por parte do brasileiro, eleitor, pela sua ignorância, pelo seu desconhecimento, e seu despreparo. Na realidade, o político brasileiro não mais tem dúvida alguma que o Brasil é um ótimo país, e fácil, para fazer política. Seus vários investimentos para este fim são notórios, principalmente na educação, que redunda em eleitores mais vulneráveis às suas investidas, alvos fáceis de suas falácias, retoricamente trabalhadas.

E o que resta-nos, brasileiros eleitores? Lutar contra tudo isso, como? Aceitar essa realidade? Digerir como estratégias normais da política? Não sei, mas prefiro enxergar suas alianças bem mais que devaneios, como uma afronta a minha inteligência. Não posso e não podemos aceitar tudo isso tão facilmente, e autodeclararmos insanos e idiotas. Devem respeito à sociedade e àqueles que lhe dão ouvidos, sempre, nas mais diversas convenções partidárias realizadas neste país.

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