segunda-feira, 15 de junho de 2015

PÉSSIMA HERANÇA


Por Carlos Delano Rebouças


Durante muitas décadas, diversos povos do nosso país convivem com dificuldades peculiares a suas regiões, numa herança deixada pelos políticos, uns aos outros, sem a devida preocupação.
No nordeste brasileiro, seu povo ao longo dos anos, centenários, convive com as estiagens, com as dificuldades decorrentes, num complexo sofrimento, numa vida castigada pela falta de chuvas. Fome, miséria, abandono e descaso são substantivos presentes na morfologia real de suas vidas.
O que antes representava preocupação para os povos do sul e sudeste, devido aos constantes alagamentos, inundações e transtornos causados, as chuvas, hoje, são precipitações desejadas e esperadas ansiosamente pelos paulistas, que vivem uma situação inédita em suas vidas, que é a falta d’água.  Estados, como São Paulo, estão com seus principais reservatórios desabastecidos, em situação de emergência, levando suas populações a sentir na pele o que nós, nordestinos, já sabermos, infelizmente, lidar com suas dificuldades.
São situações novas, para alguns, e bastante antiga, para outros, porém, independente da cronologia dos fatos, ratificam o total descaso dos gestores públicos deste país, que há muito tempo ignora as consequências de seus atos, empurrando com a barriga suas administrações e os interesses sociais, deixando heranças nada interessantes para as novas gerações.
Essa irresponsabilidade administrativa e socioambiental é notada, há décadas, não somente em nosso país, mas em todo o mundo. No entanto, somente quem vive na região e precisa de seus recursos, conhece suas consequências, diretamente, em contato com o meio ambiente. São pessoas que precisam de todos os recursos naturais disponíveis, que, inevitavelmente, a cada dia ficam mais escassos, como a consciência e o comprometimento das pessoas, que se perdem com a ignorância, fruto da falta de investimentos na educação.
Mas tudo isso pode mudar. Essa situação pode ser revertida. Entretanto, faz-se necessário uma mudança de atitude, generalizada, numa força tarefa em defesa do país e do planeta. O Brasil necessita de cuidados melhores, de um tutor que o ame e o defenda com a mesma grandeza que lhe é peculiar, e que seja com responsabilidade, a fim de que não seja dada continuidade desta péssima herança, que reluta em permanecer e se perpetuar, por gerações.


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