Por Carlos Delano Rebouças
Na
Natureza Selvagem é um filme, aliás, um documentário que assistimos, eu e minha
esposa, sob a indicação de um amigo, que muito me levou a fazer diversos
questionamentos sobre a postura do homem no mundo em sociedade. Conta, baseado
em fatos reais, a história de um jovem que abandona quase que completamente sua
vida mundana, nos moldes do Capitalismo, para viver cada momento, em contato
com o mundo, na forma mais natural possível.
A
postura daquele protagonista - um jovem que alcançou uma formação superior pela
vontade dos pais, que abdicou absolutamente de uma vida recheada de mordomias,
desejada por qualquer jovem do mundo – fez-me refletir sobre tantas renúncias e
suas possíveis consequências, aquelas, que a sociedade infelizmente não
consegue aceitar como uma escolha plausível, até mesmo aos olhos dos mais
sensatos.
Lord
Byron, escritor inglês, que difundiu no planeta o Byronismo, que nada mais é do
que uma negação do mundo, de forma rebelde, onde prevalece uma completa
insatisfação com tudo que para seus seguidores, representa futilidade, veio a
minha mente logo no início do filme. Aquele escritor sonhador e misterioso,
cético, que defendia a liberdade, pareceu-me incorporado naquele jovem
personagem, até os momentos finais, dolorosos, do filme.
Mas
como fazer entender a sociedade as questões que levaram um jovem recém-formado,
de classe média, com carreira promissora, largar a família, o futuro e o mundo,
para seguir uma nova vida, descobrindo o mundo, sem a mínima preocupação com
quem o amava, simplesmente pela defesa de uma ideologia?
Difícil.
Mas o jovem personagem dessa história real conseguiu materializar toda a sua
melancolia e todo o desencanto com o mundo e com a sociedade, Seu amor pela
vida, pela natureza, mesmo com características do Arcadismo, é romântica,
confirmando-se com a morte no fim, e que representa muito mais um começo, para
todos nós, de uma nova postura.
Teve
um triste fim. Morreu envenenado na sua natureza selvagem, não pelo mundo ou
pelas pessoas, que certamente, não compreenderam as suas escolhas, mas sim, por
ingerir frutos e vegetais, seguindo suas convicções, mediante um hábito que
jamais desistiu, que era o de ler. Seu legado foi deixado. Sua semente foi
semeada. Para alguns, um louco romântico; para outros, certamente um feliz
sonhador, na visão mais sublime do Byronismo.
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