Por Carlos Delano Rebouças
Já não é mais somente uma situação preocupante a
estiagem que assola o nosso país, mas sim, um caso de desespero, diante de uma
realidade vista e sentida nas torneiras, e das possibilidades de passarmos por
um colapso total de falta d'água, em diversas regiões do Brasil.
O que antes representava e continua a representar
um sofrimento do nordestino, hoje, também representa a realidade de outras
regiões, fazendo, por exemplo, paulistanos sentirem na pele o que nós, do
nordeste brasileiro, passamos há séculos, com as consequências das secas de chuvas.
Hoje, assistindo ao Bom Dia Brasil, surpreendi-me quando
vi uma matéria sobre a baixa do nível de alguns reservatórios do Rio de
Janeiro, principalmente, aqueles que servem também para alimentar
hidrelétricas.
Ainda na reportagem, um professor especialista
afirmou que para o estado não passar por um colapso total num futuro breve,
precisa urgentemente planejar um racionamento de água no estado.
Outro dia, também na mídia, vi uma reportagem sobre
a falta d´água nas torneiras de Manaus, para quem não sabe, é capital do estado
do Amazonas, onde acreditamos ainda possuir um dos maiores reservatórios de
água doce do planeta. Neste caso, mais parece um problema de gestão hídrica, de
gestão pública.
Na verdade, podemos sim sustentar a tese de todo o
problema é de gestão pública mesmo. Um país como o Brasil, que desperdiça 37%
de sua água tratada através de vazamentos, furtos e mau uso, não tem como
aceitar outra justificativa.
Furtos de água e mau uso é questão de educação,
esta, que o povo brasileiro não tem no uso e aplicação de seus direitos e
deveres. Consumimos como se a fonte fosse inesgotável; mais nos preocupamos com
a conta a pagar do que preservar um bem natural que se torna escasso a cada
dia; prendemo-nos numa falsa crença que para tudo se encontra soluções, e com a
água, não será diferente; e ainda mais, e mais preocupante, resistimos com
indiferença sobre o que já estamos passando, fato que impede uma maior e melhor
compreensão sobre a realidade.
E agora, o que nos resta? Aguardar um desfecho que
ninguém deseja, aquele já vivido pelo sofrido povo do interior do nordeste
brasileiro, que há tempos tenta sobreviver da ajuda do exército, no
abastecimento com carros-pipa?
Difícil aceitar, muito mais imaginar. Porém, podem
acreditar que o sofrimento com a falta d´água não é mais um
"privilégio" de nordestino e sim, de todo um Brasil.
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