CONFUSÃO DE VALORES
Por Carlos Delano Rebouças
Deixando a sensatez sob a
responsabilidade de avaliar a nossa conduta, em sociedade, não tem como não nos
envergonharmos, isso mesmo, com tudo que estamos fazendo para confirmar a nossa
mediocridade.
O homem a cada dia apresenta provas que
justificam todo o seu investimento para a sua insignificância. Aliás,
demonstra-a em atitudes reprováveis todo esse esforço, desconhecendo valores
humanos, ao invés de valorizá-los bem mais do que os materiais, pelos quais tanto
luta, achando que com ele, a sua felicidade está garantida.
Mas nem sempre é assim, ou seja, nem
sempre a conquista material com o sepultamento de valores humanos representa o
encontro com a felicidade, mesmo com a perda de uma vergonha em defender determinadas
teses as quais a sociedade já começa a aceitar como aceitáveis. Quem sabe,
represente uma falsa ilusão, daquelas que o encosto da cabeça em seu
travesseiro, ao dormir, já não é suficiente para uma reflexão, para tirar o
peso de uma consciência que não se tem mais.
O homem se torna inescrupuloso a cada
dia, Dar provas que para concretizar suas vontades, seus desejos, não mede
esforços. Acredita que num mundo em tudo vem acontecendo normalmente, mesmo que
não seja o natural, qualquer atitude pode e deve ser compreendida como
adotável.
Assim estão vivendo as pessoas neste
nosso mundinho de meu Deus, desenvolvendo novas regras, impondo-as, e que se
danem as opiniões contrárias e seus argumentos. É desta forma que funciona e
temos que aceitar.
Prefiro manter-me no meu
conservadorismo, que reluta defender determinados comportamentos humanos,
honrosos, em continuar desenhando um homem puro, digno e verdadeiro, ou pelo
menos, na busca deste perfil, no auge de sua humildade de entender que é falho.
Escolho ainda ser um cidadão do mundo que entende que podemos nos edificar, não
somente como homens, mas também, em conquistas materiais, sem que estas
signifiquem a maior importância nas nossas vidas, sem corromper valores
humanos, respeitando o próximo, dando o devido direito de escolha, como também,
jamais contrariando os ensinamentos divinos, pela minha formação cristã.
Ah, se a humanidade se postasse assim
na busca de seus interesses! Oh, se a busca de interesses tivesse critérios!
Viva, se vergonha voltasse a ter a sua definição clara por tantos que sequer já
não a usam mais!
Os valores são definidos conforme os
interesses. As pessoas passaram a precificar a consideração, o respeito, uma
amizade, ficando que pode dar mais como um melhor amigo.
Um simples ombro oferecido num
desabafo, num choro, numa lágrima a escorrer, nem mais é desejado num momento
de angústia e de sofrimento. Hoje, como o dinheiro pode comprar um passaporte
para a alegria, é assim que se busca esquecer momentos tristes.
Quanta ilusão se percebe num simples
ato de definir! O homem já nem mais sabe discernir sobre conceitos tão seus,
que a bem pouco tempo, eram tão próximos, presentes, mas que se tornam apagados
em sua memória, em seu coração, tornando-o um ser insignificante.
Apesar de suas infelizes escolhas, o
homem, no ápice de sua inflexibilidade em discernir sobre valores, ainda
permite ser enxergado como um ser, de cuja essência é de uma pureza
inigualável. Prefiro vê-lo assim, a ter que aceitá-lo em sociedade sem
possibilidades de mudança.
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