Carlos Delano Rebouças
Analisando
friamente a situação do Brasil, pode-se concluir que parece muito mais séria e
preocupante do que o mais insensato dos humanos pode imaginar. E se já estava
difícil viver em um país sem oportunidades, sem dá-las justamente e sem muitas
esperanças de mudar, ainda temos que conviver com outros problemas tão sérios
quanto, capazes de tirar a paz e de convencer até mesmo os mais nacionalistas
de que o Brasil não serve mais para se viver.
É
verdade que historicamente o País vem sendo surrupiado por colonizadores
externos – aqueles que fizeram o “favor” de nos descobrir – e por internos –
filhos de uma nação que se aproveitam desse lamentável histórico, como
representantes públicos, para dar continuidade a este velho filme, reprisado à
exaustão, chamado “Como mamar nas tetas de uma nação”. Contudo, mal sabem que
estão se tornando vítimas de si mesmos; presas fáceis, como toda a sociedade, de
suas crias sociais que honram, mesmo na orfandade, pai e mãe do crime, como se
fossem absolutos.
Certa
vez escrevi um artigo no qual dizia que não tínhamos mais para onde fugir, pois
o mal que plantamos – sociedade e seus representantes públicos – passavam a
perseguir a todos, até os “poderosos”, e em lugar nenhum estariam protegidos.
Assim estamos, todos, nas grandes cidades e capitais, aliás, quase em toda
parte do Brasil, acuados com medo do crime que se organizou e se instalou em
todas as regiões do país. Hoje são eles que ditam as regras, e a sociedade se
cala como medo de sofrer ainda mais as consequências de quem parece a cada dia
que não é mais uma poder paralelo, sendo soberano.
E
em quem acreditar? Na Justiça? Pobrezinha...! Quando não está refém por medo,
conivente se posta pela conveniência. E os outros poderes? Estes, uma vergonha
que na cara seus representantes não têm mais. Chegamos ao pior nível de
representatividade pública da história, embora seja difícil de acreditar que um
dia, ao longo de tantos anos, estivemos bem representados.
O
Brasil está à deriva, perdido no mar do abandono. Seu povo, coitado, sem
esperanças, sem ninguém para pedir socorro. E quem surge com o discurso de salvador
da pátria, sem demora é desmascarado. Resta-nos, apenas, continuar nessa luta
desigual contra todos, tentando sobreviver, nutrindo o que remanesce de
esperança e fé por dias melhores.
Entramos
em um ano de eleições, e mais uma vez temos que nos submeter a fazer escolhas
sem muitas opções. Seria como escolher uma laranja menos estragada de um cesto
repleto de laranjas podres, mas com uma imagem muito enganadora, e um discurso
de quem as vende bastante rebuscado, capaz de ludibriar até mesmo os mais
conhecedores do assunto.
Mas
nem tudo está perdido! Alegrem-se, amigos leitores e eleitores, desesperançosos,
vitimas ou quase vítimas de um país abandonado, órfãos e reféns do medo ou
mesmo de uma verdade que não acreditamos ser, pois é também um ano de Copa do
Mundo. Mostrem todo o seu patriotismo. Vamos vestir o verde-amarelo, encher a
cara de álcool e torcer pela nossa seleção. Nada importa mais do que sermos campeões.
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