Por
Carlos Delano Rebouças
De
uns anos para cá, principalmente depois dos preparativos para a Copa do Mundo
que aconteceu no Brasil, parece que futebol se tornou diversão de rico e
brincadeira de mau gosto para pobres, torcedores, que apreciam frequentar
estádios de futebol.
Para
começar, novas denominações passaram a existir. Vejamos: estádio agora se chama
arena, e o que era antes um espaço para o futebol, hoje, denomina-se multiuso;
são divididos em diversos setores, onde antes, eram praticamente arquibancada e
geral; imprensa tinha seu espaço; hoje, é para algumas emissoras privilegiadas,
com direitos exclusivos de transmissão; antes, torcedor levava o radinho, e
hoje, não esquece seu celular para registrar seus momentos e não, lances da
partida. Tanta coisa mudou, até o tipo de torcedor.
Quanta
saudade da laranja descascada, do rolete de cana-de-açúcar, do grito de chá e
café, do din din que virou Marujinho, da broa, das rosquinhas e até da cachaça
levada pelos seus apreciadores. Tinha de tudo e tudo compartilhado, com
respeito e parceria, até entre torcedores rivais, mesmo que cada um defendesse
suas cores e a paixão pelo seu clube.
O
torcedor mais humilde se divertia da mesma forma que aqueles mais privilegiados
financeiramente. Pegava seu ônibus ou os caminhões, fretados, e na sua lotação,
cantava com alegria até sua chegada ao estádio. Gastava-se muito pouco para ter
uma alegria imensurável.
Hoje
é bem diferente, aliás, muito diferente em todos os aspectos. A começar, pelo
preço dos ingressos, que fogem totalmente da realidade financeira do torcedor
brasileiro. Fica impraticável ir a todos os jogos como se fazia antes.
Verifica-se
também uma escancarada exploração dentro dos estádios, onde se cobra absurdos
em produtos como água ou refrigerantes. Como pode um torcedor levar sua família
para assistir aos jogos de seu time e deixar todo mundo morrendo de sede? Vejam
que outros produtos apresentam preços exorbitantes, sob o monopólio de
administradores de bares e lanchonetes que parecem ser de praças europeias.
Resta
somente ao torcedor tomar sua água, seu refrigerante e sua cerveja, e comer seu
famoso cai duro nos arredores do estádio, antes de entrar, porque, depois de
ingressar, ou se rende à exploração, ou restará somente recordar dos velhos
tempos onde estádios eram estádios e não arenas.
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