por Carlos Delano Rebouças
Fico
a pensar como seria se não fôssemos cautelosos com as nossas reações, diante de
tudo que vemos e ouvimos, direta e indiretamente, a nosso respeito, e que acreditamos
que pode denegrir a nossa imagem.
Fisiologicamente,
nossos olhos contam com cílios que servem, naturalmente, para fazer a defesa de
nossa visão. Na pior das hipóteses, representa um recurso de filtragem de elementos
que podem ser nocivos à nossa saúde, por encontrar facilidade de acesso ao
nosso organismo pelas vias oculares.
Os
ouvidos também contam com esse sistema de defesa. Aqueles pelinhos que aos
olhos da vaidade são detestados, também funcionam como filtros que minimizam a
entrada de impurezas. São escudos naturais de defesa humana, mas somente fisiológicos.
Deixando
a fisiologia de lado um pouquinho, contamos com outro grande e importante
defensor de nossa saúde física e mental, que nos permite uma melhor qualidade
de vida. Trata-se da sabedoria.
É
por meio dela que nos defendemos de muitos males humanos e sociais, sem ao
menos fazer um ataque sequer; é o agir em defesa de sua integridade, zelando
pela paz, lidando com as emoções, simplesmente no silêncio de nossa sensatez,
transformando a defesa no melhor ataque, para contraria o ditado popular.
Quem
jamais foi insultado diretamente a ponto de pensar em retribuir, imediatamente,
à altura? Quem já ouviu indiretamente, de terceiros, o que os primeiros não têm
coragem de dizer em primeira pessoa? Quem não viu ou sequer ouviu, mas sentiu
que foi adjetivado de forma depreciativa, não correspondendo com a sua verdade?
Ninguém
escapou ou escapa dessas situações. São episódios comuns na sociedade dos homens;
situações corriqueiras as quais precisamos aceitar como sendo uma mazela
humana, capaz de abalar a estrutura de um relacionamento, indiscutivelmente,
mas que, com sabedoria, podemos sustentá-la a fim de que não cause prejuízos
maiores, principalmente, a quem nada tem a ver com o contexto. É zelar pela
harmonia, mas ciente do potencial desagregador dos personagens envolvidos.
Embora
pareça uma atitude fácil de tomar – ignorar o desrespeito e a desconsideração,
mesmo por informação de terceiros e com cara de fofoca -, é bem mais difícil do
que se pensa.
Controlar
as emoções é agir com inteligência; é tomar atitudes ponderadas sempre que
surgirem oportunidades que possam desencadear a desarmonia; é jamais ser
opinativo em detrimento de uma postura crítica, possível de edificar. É ser,
portanto, passivo, mas sem abdicar de uma postura ativa, defendida com
sabedoria e assertividade.
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