por Carlos Delano Rebouças
Sei
que este meu artigo irá certamente causar um mal-estar muito grande entre os
leitores, perdoem-me, mas não posso me omitir em emitir a minha opinião diante
da realidade que envolve a educação do nosso país.
Há
algumas décadas em nosso país, mais precisamente até 20 anos atrás, poucas eram
as universidades e faculdades particulares, bem como quase inexistiam
incentivos para que se pudesse ingressar no ensino superior no Brasil. Restavam
somente três caminhos: estacionar no ensino secundário; estudar para ingressar
em uma universidade pública; ou buscar algum crédito estudantil, que eram
bastante restritos, para ingressar nas poucas universidades particulares.
Diante
dessas condições, o sonho de muitos brasileiros era o de somente concluir o
antigo segundo grau, ou, em uma hipótese diferente, mas em mesmo nível, uma
formação de caráter técnico, responsável pelo exercício de uma profissão.
Incentivos até que existiam para esse fim, principalmente partindo de parcerias
com entidades industriais. Em contrapartida, aqueles que adquiriram uma
formação superior sabiam que precisavam estudar um pouco mais para levar
vantagem competitiva nos processos vestibulares. Não sendo por esse caminho,
seria por uma concorrência bem menor, mas em uma universidade privada com custos
elevados desde a inscrição nos concursos, que distanciava muitos candidatos.
Com
o passar dos anos, muito mudou quanto às possibilidades para a aquisição de uma
formação superior. Hoje, além das tradicionais instituições públicas de ensino
superior que passaram a oferecer um maior e mais variado número de cursos e
vagas, cresceu exponencialmente o número de universidades e faculdades
particulares no Brasil, juntamente com a abertura de créditos para
financiamentos, elevando, circunstancialmente, as oportunidades para a
conquista de um diploma de ensino superior, cada vez mais exigido pelo atual
mercado. É ter a certeza de que o ensino superior está acessível a qualquer
brasileiro.
Essa
acessibilidade é que é vista, infelizmente, como oportuna por muitos
brasileiros pelos caminhos e critérios exigidos. Muitos, sabendo que em cada
esquina do nosso país existe uma faculdade com cursos bem mais em conta do que
o que cobram as escolas particulares de alunos em suas séries iniciais, cujos
vestibulares não se apresentam exigentes quanto aos conhecimentos adquiridos, às
vezes, apenas por meio de uma simples redação, suficiente para constar que foi
feita uma avaliação, não se esforçam durante a sua vida escolar no ensino
básico. Vários chegam até a abandonar os estudos, voltando posteriormente em
regime de supletivo, e sem demora, logo se torna um universitário no caminho de
conquistar o seu canudo.
A
conquista do tão desejado diploma de nível superior pelo estudante, indiferente
à aquisição de conhecimentos importantes para o exercício profissional, parece,
quem sabe, o combustível para as entidades formadoras saírem à caça de seus
clientes, na perfeita formatação de um perfil bem mais comercial,
contrapondo-se ao pensamento de ser uma instituição educacional que contribui
para a transformação do homem em sociedade. É a ratificação de todos os
preceitos capitalistas na educação.
E
o que se vê nos bancos das universidades na sua imensa maioria, além de poucos
estudantes que se mantiveram focados desde sempre no propósito de ingressar na
faculdade com o objetivo de realizar o curso tão sonhado? Veem-se estudantes
que ali estão somente com a meta de chegar ao fim do curso e conquistar o
diploma, certo que irá conquistá-lo, independente de sua capacidade ou falta
dela, de produzir um pequeno texto sem que contenha inúmeros erros grosseiros e
inaceitáveis, ou mesmo realizar pequenos cálculos sem que recorra à calculadora
de seu celular, para quem possui o
status de universitário.
Quatro
ou cinco anos se passam rapidamente. O diploma é conquistado e a festa é
realizada. Todo mundo sorrindo e feliz com o canudo nas mãos, erguido como um troféu
que reconhece todo um esforço feito. Pena que nem sempre em prol da educação
que fora esquecida à vida inteira, contudo, lembrada em um momento oportuno.
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