A tipologia textual cobrada no ENEM é a dissertação argumentativa. Esse tipo de texto tem por característica básica a construção de um posicionamento crítico claro e objetivo diante de uma temática. O objetivo deste post é entendermos juntos o discurso com o qual devemos trabalhar na redação.
Para começo de conversa...
Primeiro, é preciso entender que dissertar não é o mesmo que argumentar, apesar de muitos pensarem dessa maneira. Dissertar é “falar sobre algo”, “discursar”. A argumentação, por sua vez, já propõe a defesa de uma ideia. Dessa forma, quando dissertamos de maneira argumentativa, ao mesmo tempo em que discursamos sobre um tema, nos posicionamos criticamente, estabelecendo um discurso persuasivo.
SE LIGA!
Apesar de a dissertação argumentativa trabalhar com a persuasão, não estabeleça interlocução no seu texto, ou seja, não se dirija ao leitor.
Além disso, uma das principais orientações para se construir uma dissertação é não utilizar a primeira pessoa do singular. Entretanto, muitos alunos ainda têm dúvidas quanto a isso. Geralmente, ouço perguntas do gênero:
“Como escrever sobre um assunto, tendo de defender uma ideia própria, mas sem utilizar a primeira pessoa?”
Ou ainda:
“Como expressar aquilo que eu penso sem escrever ‘eu acho’ ou ‘na minha opinião’ ?”
É importante estabelecermos uma diferença entre parcialidade e subjetividade. É possível, sim, defender uma visão sobre um tema sem transparecer emotividade.
Ser parcial é defender um lado; ser subjetivo é ser pessoal, expressivo, emotivo.
Observe o exemplo a seguir:
Tema: a importância da política para o desenvolvimento social.
Analisemos as duas sentenças construídas sobre esse assunto:
I) Eu acho um absurdo o descompromisso de alguns políticos com o país.
II) É preciso que haja mudanças na estrutura política do país.
Note que a sentença I, além de parcial, é extremamente subjetiva. Marcas gramaticais, como o verbo na primeira pessoa e o uso da expressão qualificadora “um absurdo” transparecem uma forte emotividade. Já a sentença II não deixa de expor uma opinião, no entanto, não é subjetiva como a primeira.
O discurso da sentença II é o adequado quando se trata de um texto dissertativo argumentativo. Lembrem-se de que a defesa de um ponto de vista é fundamental e, para isso, não é necessário ser subjetivo.
Não há dúvidas: uma argumentação contundente é imprescindível. Esse é um dos critérios que mais pesam na construção do seu texto. Devemos fundamentar bem nossa opinião, não “ficar em cima do muro” e estabelecer um discurso claro e objetivo.
Portanto, não se esqueçam: um texto com bons argumentos sai na frente da disputa.
Em nossa próxima aula, veremos diversas formas de se começar uma redação. Não percam!
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