Por Carlos Delano Rebouças
O cantor Roberto Carlos é mesmo genial quando diz em sua canção “que tudo certo como dois e dois são cinco”.
Parei para pensar no resultado dessa soma, mas preferi nem esticar o raciocínio sobre esse cálculo e a intenção do nobre cantor. Ufa! Seriam muitos neurônios queimados, quem sabe, desnecessariamente.
Certo dia, nas minhas andanças pela vida, ouvi de dois homens que conversavam como quem não conta segredos, e que me permitiram participar sem convite algum daquela conversa, outro questionamento, daqueles que me levaram a lembrar da velha canção do “Rei”. Nessa vez não envolvia números, e sim, letras.
Como se pode provar alguma coisa por “A” mais “B”? Mas o que a soma de letras pode provar? Qual é o resultado dessa soma, se a aritmética não assume essa responsabilidade?
Essas foram as diversas indagações em cadeia que me causaram tanta perplexidade, apesar de sempre ouvi-la. Não tive como poupar meus neurônios nessa vez. Busco respostas, quando a única que encontro é o reforço de uma afirmação.
A saudosa Banda de Forró, Magníficos, em um de seus álbuns, lançou uma canção cujo título é “Por A + B”, que muito sucesso fez nos anos 1990. Com a canção e o sucesso feito, por muito longe passou a reflexão sobre o resultado dessa operação matemática.
Hoje, diversos cenários permitem-nos a buscar provas e contraprovas, principalmente aqueles que conduzem rumos de uma nação. Ora afirmam com argumentos que acreditam fortes, inquestionáveis, absolutos, ora desfazem tudo que foi dito no dia anterior. Nem mesmo precisam recorrer à matemática que se perdeu no conhecimento e se um dia teve. De cara lavada fala, somente, e que se dane o bom senso.
Luiz Gonzaga, filho de Januário, o maior, em uma de suas canções ensinava uma divisão que somente ele levava vantagem. “Uma pra mim, uma pra tu, uma pra mim, outra pra mim; Uma pra mim, uma pra tu e outra pra mim”.
Deu para entender? Acredito que sim. Essa é a divisão da esperteza, aquela que ilude e favorece somente um lado da moeda, como só existisse a cara e jamais a coroa. Que coincidência, faz lembrar quem “diz e desdiz” no Planalto Central!
E o que importam somas, provas e divisões, se quem as faz e apresenta não tem intenção alguma de promovê-las de forma justa e sensata? Que importa mesmo é ter a certeza de que continuaremos a ver o 5 como resultado da soma de 2 + 2; de que “A” + “B” continuará provando o que não consegue se provar; e de que Roberto Carlos continuará cantando a sua canção nas manhãs de domingo.
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