Por
Carlos Delano Rebouças
Chegando à escola, passo a passo nos largos corredores a caminho da sala dos
Professores, não demora muito a ouvir “oi tio”, seguido de
acenos. Cumprimentos recebidos de alunos, sem parentesco algum, mas
que significa muito diante de tantas controvérsias.
A
rotina do “tio” em sala de aula nem sempre é daquelas tão
prazerosas. Bem da verdade, muitas vezes parece incontestavelmente
desmotivadora. Não se trata de ministrar aulas, elaborar e corrigir
testes e cumprir prazos. É muito mais que isso, quando aceitamos
também a condição de educador, partícipe incondicional do
processo educativo dos alunos ao lado da instituição escola,
família e sociedade.
Um
dia desses, numa conversa de rede social, indiretamente me senti um
árbitro de um combate de opiniões entre dois colegas, que discutiam
sobre ser Professor e ser Educador. Nessa discussão, que não levou
a nada, somente a uma das partes se irritar e se desligar do grupo.
Pobre colega, menos um “tio” a participar de um grupo que nasceu
para incluir, mas que pela intransigência e intolerância, mostra o
contrário.
Para
o aluno o Professor é o “ tio” quase de verdade, que só falta
correr nas veias o mesmo sangue. Por ele cria afinidade, carinho e
nem sempre respeito. Alguma dúvida quanto a isso?
Desgastes
insistem em insistir, e levam a relacionamentos difíceis nessa
convivência diária de profissionalismo, com cara de família.
Alunos e professores num espaço seus, diários, repletos de fatores
propícios à boa educação e formação, e porque não, à fortalecimento de laços que nem sempre existem com parentes mais
próximos. Tornam-se indiscutivelmente família.
Mas
até que ponto esse sentimento fraterno e familiar interfere
diretamente na formação humana e profissional, antes, educacional
do aluno? Como essa existencial condição favorece ou não o
profissional de educação? E quando essa relação não é tão
amistosa e familiar, quais seus possíveis reflexos?
Sirvam-se
de reflexão. No momento, depois de tantos “oi tio”, preciso
atender ao meu ofício, pois mais uma aula começa e o tempo é ouro
no processo educativo de meus alunos. “Que sabe faz a hora, não
espera acontecer.”
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