terça-feira, 3 de maio de 2016

POEMA DE AUGUSTO DOS ANJOS

Solitário

Como um fantasma que se refugia 
Na solidão da natureza morta, 
Por trás dos ermos túmulos, um dia, 
Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele, 
- Velho caixão a carregar destroços -

Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
Augusto dos Anjos

Nenhum comentário:

Postar um comentário