PÉ NA BUNDA E SEUS
EUFEMISMOS NO MERCADO DE TRABALHO
Por Carlos Delano
Rebouças
Ano
a ano é assim, empresas continuam a elaborar suas listas de dispensas de
funcionários, com as mais diferentes justificativas e com as mais
diversificadas maneiras de defini-las, principalmente, no início de ano.
Muitos
funcionários, que quando contratados são denominados de colaboradores, assinam
um contrato de trabalho regido pela CLT, sem data definida para seu encerramento.
Quando isso acontece - que será dispensado – quase sempre é inesperadamente. Esta “excelente notícia” é dada ou por meio de sua gestão imediata, ou do setor
responsável, geralmente, o pessoal.
As
justificativas são variadas, mas nem sempre justificáveis. Variam desde a
redução do quadro para contenção de despesas, até, sem apresentação de razões algumas,
convincentes, simplesmente deixando o trabalhador preterido com a dúvida que
levará para casa com suas contas batidas.
Novas
definições são aplicadas no mercado de trabalho em relação às dispensas de
funcionários. Empresas que demitem muito passaram a apresentar um “turnover”
elevado. Experimente perguntar a um trabalhador a real definição deste termo,
que logo responde: “Significa pé na bunda”.
As
empresas preferem adotar os mais variados termos para justificar tais atitudes,
como reformulação do quadro, enxugamento da folha de pagamento, readequação do
quadro de pessoal, dentre outros, com os mais diversificados argumentos. São
prerrogativas comuns, usadas, para que a notícia seja menos impactante, e mais
aceitável, ao colaborador dispensado. Representam também subterfúgios que
precisam ser melhores tratados e evitados, com mais assertividade em todo o
transcorrer do contrato, nas relações, a fim de que exista clareza, com um
tratamento profissional de alto nível.
Sei
que alguém pode dizer que ninguém é dispensado de suas funções, de seu trabalho,
sem que perceba, diante de uma postura reprovável, que possibilite a sua saída.
Também
podemos defender essa crença, sim, entretanto, precisamos compreender que o
poder de percepção varia de pessoa para pessoa, e existem aqueles que não
conseguem enxergar o que fazem, até mesmo por não saber discernir sobre o que é
certo ou errado, e quando tem que contar com uma gestão imediata que possa lhe
dar uma orientação sobre a execução correta de suas tarefas, esta gestão prefere
fechar os olhos, omitir-se, e deixar que o colaborador tropece nas suas
próprias pernas e permita que se torne preterido pela instituição.
Na
verdade, a dispensa de funcionários, com seus mais variados eufemismos, em
muitos casos, isso mesmo, em muitos casos, nada mais é que o atestado de
incompetência de sua gestão, que tenta encontrar na demissão e na contratação a
solução para seus problemas, em vez de treinar, capacitar e recuperar um
profissional que enxergara ideal no fim do processo seletivo de contratação.
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