por Carlos Delano Rebouças
Cá, aqui estou
com o meu companheiro diário, o meu notebook, juntos, escrevendo sobre os mais
diferentes temas. Tarefa diária, que nem digo ser solitária, já que sempre me
aproxima de tudo e de todos, numa interação total com o mundo.
No silêncio do
meu espaço – escuro, mas não obscuro - ficamos a digitar o que penso sobre a
vida e o mundo, e sobre pessoas, ou seja, escrevemos sobre o que pode levar a
uma reflexão, pois temas não nos faltam. Aliás, o que nos falta na verdade é o
interesse em ler e refletir; queimar alguns poucos neurônios que nem sabemos
que são tantos e mal aproveitados.
Cada vez menos
discutimos sem que seja uma ação de confrontar ideias em alto nível. Hoje, o
ato de discutir é um confronto que não mais se apresentam argumentos de defesa
de uma tese; significa bem mais uma atitude de atacar como uma defesa que deseja
calar a voz da sensatez. É a falta de argumentação por carência de recursos,
que flutua entre a falta de conhecimento e a incapacidade de organizar as
ideias e pô-las em prática numa linguagem mal escolhida.
Tudo isso vem
acontecendo porque somos intolerantes? Não! Acontece porque não nos permitimos
pensar e refletir sobre o nosso papel no mundo. Vivemos por viver, achando que
o sentido é basicamente a satisfação que devemos dar à sociedade, sem nenhuma
contribuição maior, daquelas que instigam a uma reflexão sobre tudo aquilo nos
envolve. Nada tem sentido ou parece ter. Importância? Bem menos. Aliás, somente
importa o que se refere ao imediato, ao prático e ao simples, sem quebra de
cabeça. Qualquer leitura que seja, e mais simples que pareça, logo tem cara de
complexa e taxada de chata de ser feita. Sem demora, é deixada de lado, abandonada,
largada...
Enquanto isso, a
vida passa, o mundo gira e a fila anda, não é? Sim! Vivemos, somente, admirando
quem fala e escreve, enxergando-os como sábios e inteligentes, longe de defini-los
como pessoas que se diferem por somente dedicarem um pouco mais do seu tempo e
de sua capacidade de refletir, como um admirável atrevimento em nos apresentar
possibilidades de pensar um pouco mais, levando à certeza de que a produção de
seus textos, falados ou escritos, pode ser uma condição pertinente a qualquer
pessoa. É somente uma salutar atividade diária, bem distante de ser rotineira e
cansativa. Bem mais edificante, com certeza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário