sexta-feira, 4 de março de 2016

INSENSATEZ SOBERANA


Por Carlos Delano Rebouças

Quando pensamos que já ouvimos e vimos todos os absurdos nesta nossa medíocre vidinha de humano, neste imenso planeta que podemos assegurar que se trata de um presente divino, além da conta de nossos merecimentos, abrimos nossas páginas das redes sociais e lá são vemos tantas manifestações, que confirmam a nossa pequenez.

Para aquele brasileiro que foi condenado à morte por tráfico de drogas, conforme as leis da Indonésia, país onde praticou o crime, e para a sua família, o sábado, dia 17 de janeiro de 2015, será uma data também que passará a ser marcada pela incompreensão e intolerância de muitos conterrâneos, brasileiros, que aproveitam as redes sociais para expor os mais absurdos pontos-de vista.

Dentre inúmeros vistos, um chamou a minha atenção, quando o seu autor disse que teve a morte como merecimento, porque, a prática do tráfico de drogas faz com que muitas outras vidas sejam destruídas, e a punição recebida passaria a tratar-se de pagar o crime com a mesma moeda.

Até aí, nada de espantar. Este pensamento, infelizmente, é comum em muitas pessoas, principalmente, naqueles que já não aguentam mais ouvir falar em crimes que compensam.

O que me espantou foi a manifestação de alguns, assumidamente desafetos da presidente Dilma, criticarem-na por ter pedido aos líderes da Indonésia clemência para o criminoso. Quantas postagens de ataque, com argumentos absurdos, partido de tantas pessoas que sequer reconhecem o verdadeiro valor da vida, sem em nenhum momento demonstrar a sua essência humana, de um coração que aceita a falha, que aceita o perdão, e de uma consciência que podemos ter uma segunda chance, até para errar.

Quanto à tese de que traficante contribui para a morte de pessoas, pensando assim, quem comercializar cigarros, quem vende bebidas alcoólicas, ou quem se prostitui ou faz apologia à prostituição, podem ser vistos da mesma forma, já que de uma forma ou de outra, nas suas devidas proporções, vão diretamente de encontro à vida.

Não quero polemizar, incluindo tais casos, nem mesmo, defender praticantes de tráfico de drogas. Quero somente defender que independente do crime que se pratique, á frente, existe uma pessoa, um ser humano que teve a sua vida concedida por Deus. Respeitamos as leis dos homens e as culturas de cada país, apesar da crença que temos e defendemos. Porém, precisamos ser mais sensatos nas nossas colocações, para não parecermos bem menos intolerantes, do que injustos.

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