Um padre, um delegado e um prefeito. Três figuras certas e esperadas por qualquer pessoa, em qualquer cidade de que se conheça.
Mas será que é só isso mesmo?
Quando lemos uma obra de Machado de Assis, mestre da literatura brasileira que em seus romances urbanos retrata a realidade social, percebemos, com todos os pormenores, a presença desses três personagens contextualizados nas tramas. Assim também percebido nas obras de Eça de Queiroz, como o Crime do Padre Amaro e O Primo Basílio. Realidade perceptível na escola realista.
Filmes e minisséries brasileiras também procuram mostrar essa realidade. A mais notável delas podemos dizer que é O Bem Amado.
Mas será que um município é feito somente destas três personagens?
Claro que não. Um município precisa de toda uma infraestrutura para atender todas as necessidades de todos os personagens dessa longa-metragem que se chama '' cidade''. Pessoas precisam de escolas de qualidade, comprometidas com a educação desde a composição de seu quadro administrativo e docente; precisam de saneamento básico; mobilidade urbana; transporte urbano; segurança pública; emprego; hospitais que possam atender a todas as necessidades da população, que evitem buscar em outras cidades uma assistência melhor, dentre outros.
Mas para isso acontecer na realidade, a maior necessidade entre todas, é a de políticos de vergonha, que não venham a achar que para um distrito se emancipar, precisa simplesmente do mínimo necessário por lei, e a população que passe e continue a viver sem condições dignas de verdadeiro cidadão.
Quando nasce um novo município, nasce também uma nova conjuntura que envolve: prefeitura e câmara de vereadores, e com ela, oportunidades de beneficiamento que na prática os políticos conhecem muito bem. Prefeitos, vereadores, secretários, assessores e todos os outros hospedeiros intermediários e contínuos de um sistema que engorda um rebanho cada vez mais favorecido no Brasil são os verdadeiros beneficiários.
Assim funciona 184 municípios do nosso Ceará, que, sendo bastante benevolente, enxergamos que a sua metade não tem estrutura para ser um município, e entendam que só estou me referindo a zona urbana, onde diversas sequer tem ruas calçamentadas, por exemplo.
Nas obras literárias e adaptações para a televisão, não vemos fome, miséria e necessidades. Vemos sim, um enredo que aponta para a eterna disputa de poderes, injustiças e tradições. Pena que somente a realidade se confunde a ficção nesta última citação.
Pena mesmo.
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