Por Carlos Delano Rebouças
Ontem,
quase todo o Nordeste, se não por completo, viu a sua metade final da tarde
entrar com a noite às escuras. Muito uma vez viveu transtornos desmedidos
diante da falta de energia.
Ruas
e avenidas congestionadas pela vontade de chegar a casa. Semáforos sem
funcionar ditavam as regras de um trânsito que mais parecia o de Nova Déli,
contando com a educação de um povo ordeiro e gentil em permitir acessos.
Calçadas viram vias de carros, motos e bicicletas, menos de pessoas, que se
aventuravam a caminhar por elas, em meio aos carros, pela vontade de chegar.
A
noite chegou e com ela o medo que toma conta de um País que respira violência.
Ninguém olha para os lados, nem cumprimente, muito menos responde uma simples
pergunta de “que horas são?” Tudo tem cara de perigo. Ah! Vou pedir um Uber!
Que pena..., não havia sinal de celular! Esmos no Caos, minha filha! Responde
uma acelerada senhora sem saber até se a pergunta seria para ela.
A
Noite começou a entrar contando apenas com a cumplicidade da lua que insistia
em iluminá-la, dando sombra aos passos largos e rápidos do medo. A bandidagem
assusta e bate palmas quando coisas assim acontecem. Lojas, shoppings, escolas
e faculdades, além de supermercados baixam as portas. Postos de gasolina pareciam
fantasmas à beira da estrada, sem um tanque para abastecer. Tudo assustava!
Sentíamos-nos no Haiti, na Angola, no Afeganistão, No Iraque ou na Síria! Em
nada parecia nos sentir estar no Canadá, na Suíça, no Reino Unido ou no Chile
vizinho.
Enquanto
tudo acontecia, ficamos sentados às calçadas conversando como há 20 anos,
quando não existia celulares, Internet, redes sociais e, se retornarmos bem
mais no tempo, energia para roubar a luz que existia em cada um de nós, que
vive, hoje, na escuridão profunda de um progresso que vive um retrocesso.
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