Pereira Filgueiras, Pedro I e Bárbara de Alencar
são alguns nomes de personalidades que nomeiam as ruas e avenidas de Fortaleza.
Muitas vezes desconhecidas pelos moradores, a homenagem mantém viva a história
da Capital e do Estado.
Com certeza você já passou pela rua Ana Bilhar, no
bairro Meirelles, ou , pelo menos, já ouviu falar na rua do Rosário, no Centro
da Capital e nunca se deu conta da relevância que esses nomes têm e da riqueza
dos detalhes que contribuíram para a formação de Fortaleza.
Confira a história por trás de dez
nomes de ruas e avenidas em Fortaleza:
Rua Dr. João Moreira
João da Rocha Moreira nasceu em Fortaleza foi
nomeado chefe do serviço sanitário da Santa Casa de Misericórdia. Dotado de
grande espírito filantrópico, sempre exerceu a medicina em favor dos mais
humildes. Foi inspetor da Saúde Pública, inspetor de Higiene, inspetor da Saúde
do Porto, médico da Cadeia Pública, professor de inglês e francês no Liceu do
Ceará. Faleceu em 1919. A rua do Centro, que recebeu seu nome em 1933, fica ao
lado da Santa Casa. Antes, era chamada rua Nova da Fortaleza, travessa do Quartel,
rua da Misericórdia e rua nº. 17.
Rua São José
São José é o padroeiro do Ceará. O culto dos
católicos cearenses, no dia 19 de março, vem desde quando Aquiraz era a capital
do Ceará e tinha São José como padroeiro. Após a transferência da capital para
Fortaleza, o santo passou a ser padroeiro do Estado. O Dia de São José é
aguardado no Ceará com muita expectativa, pois reza a tradição popular que se
chover neste dia é sinal de que haverá bom inverno (estação chuvosa). Há várias
ruas nomeadas de São José em Fortaleza: no Centro, Barra do Ceará, Bom Jardim,
Carlito Pamplona, Cais do Porto, Castelão, Jangurussu, Jardim Cearense,
Mondubim, Passaré, Quintino Cunha. Há ainda travessas São José nos bairros:
Autran Nunes, Edson Queiroz, Henrique Jorge, Monte Castelo, Parque Tabapuã e
Pirambu.
Rua Araripe Macêdo
Pintor, desenhista, decorador, João Moreira de
Araripe Macedo nasceu em Fortaleza e faleceu no Rio de Janeiro em 1934. Aos 14
anos seguiu para a capital fluminense, onde se matriculou na Escola Nacional de
Belas Artes. Em 1899, recebeu uma medalha de ouro e, em 1900, o prêmio de
Viagem ao Exterior, com o quadro “A Prece”. Ficou em Paris por três anos e de
volta ao Brasil em 1904, recebeu crítica estupenda de Gonzaga Duque, pela obra
"A Porangaba", quadro inspirado em poema do cearense Juvenal Galeno.
Atuou como desenhista no Ministério do Trabalho, em 1922. A rua que leva seu
nome passa pelos bairros Jockey Clube e João XXIII.
Avenida Lineu Machado
Nascido em São Paulo, Linneo de Paula Machado era
um grande incentivador do turfe brasileiro. Foi responsável por convencer o
então presidente da República, Venceslau Brás, a sancionar a lei que regula a
atividade, auxilia os criadores e estabelece a responsabilidade da Comissão
Central dos Criadores de Cavalo Puro Sangue. Morreu em 28 de setembro de 1942
durante um desastre aéreo entre Rio e São Paulo. A avenida passa pelos bairros
Jockey Clube, João XXIII e Bonsucesso.
Avenida Antônio Justa
Médico humanitário sanitarista, Antônio Alfredo da
Justa foi o primeiro diretor clínico do Leprosário de Canafístula (atual Centro
de Convivência Antônio Diogo), em Redenção (CE), e ganhou notoriedade pela
atenção dedicada, no começo do século XX, aos doentes de hanseníase, a
“moléstia de Lázaro”, sendo chamado de “o pai dos Lázaros do Ceará”. Escreveu
dezenas de artigos em defesa dos leprosos isolados na Colônia. Ao falecer,
vítima de ataque de angina, deixou todos os seus bens para a Colônia de São
Bento, depois Colônia Antônio Justa (hoje Hospital de Dermatologia Sanitária
Antônio Justa), em Maracanaú, na RMF. A avenida fica entre os bairros Meireles
e Varjota.
Rua Pedro I
Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos
Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de
Bragança e Bourbon, filho de Dom João VI de Portugal e Carlota Joaquina de
Bourbon, chegou ao Brasil ainda criança com a família, depois que seu país foi
invadido pelas tropas francesas de Napoleão. Com o retorno do pai a Portugal
anos mais tarde, permanece no Brasil como príncipe regente. A insatisfação
crescente contra o regime colonial, faz com que a corte portuguesa exija seu
retorno, mas D. Pedro resolve ficar no Brasil, instaurando o "Dia do
Fico", em 09 de janeiro de 1822. Em 7 de setembro do mesmo ano, proclama a
independência brasileira da corte portuguesa. Três meses depois é coroado o
primeiro imperador do Brasil, outorgando a primeira Constituição Brasileira em
1824. Retorna a Lisboa após a morte de Dom João, para assumir o trono,
tornando-se D. Pedro IV. Morre aos 36 anos de tuberculose. A rua fica Centro.
Rua do Rosário
A rua do Centro tem sua denominação constituída em
referência à igreja Nossa Senhora do Rosário, situada na Praça General
Tibúrcio, também conhecida como Praça dos Leões. Erguida inicialmente como
capela pela comunidade negra, por volta de 1730, é a igreja mais antiga da
cidade, tombada pelo Estado em 1983. Entre os anos de 1821 e 1854 foi a
principal igreja da capital da província do Ceará.
Rua Ana Bilhar
A professora cratense Ana Lopes de Alcântara
Bilhar, fundou com sua irmã o tradicional Colégio Nossa Sra. de Lourdes, com
internato e externato feminino. Instalado inicialmente em Baturité, em 1889,
foi reaberto mais tarde em Fortaleza, em 1896, primeiramente em um prédio na
rua 24 de Maio, e depois do atual Colégio Militar, em 1898, na avenida Santos
Dumont. As alunas de Ana eram apelidadas de "periquitinhos verdes",
por só trajarem fardas de cor verde. A rua corta os bairros Varjota e Meireles.
Rua Silva Jatahy
João Carlos da Silva Jatahy (1842-1930) foi um dos
liderantes no episódio do fechamento do Porto de Fortaleza ao embarque e
desembarque de escravos, em janeiro de 1881, que teve à frente o jangadeiro
Francisco José do Nascimento, também conhecido como Chico da Matilde, o Dragão
do Mar. O Ceará tornava-se então o primeiro estado a abolir a escravidão no
Brasil. Silva Jatahy figura na galeria dos libertadores históricos como um dos
mais destemidos legionários abolicionistas. A rua fica no bairro Meireles.
Bárbara de Alencar
A líder revolucionária Bárbara Pereira de Alencar
participou de movimentos em prol da independência do Brasil contra a política
absolutista de Dom Pedro I, como a Revolução Pernambucana (1817). Casou-se aos
22 anos e teve 4 filhos; entre os quais os também revolucionários Tristão
Gonçalves e José Martiniano de Alencar, pai do escritor José de Alencar.
Durante a Revolução Pernambucana foi mantida presa em uma das celas da
Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, sendo considerada a primeira
prisioneira política do País. A rua que leva seu nome atravessa os bairros Centro
e Aldeota.
FONTE: JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE