Por Carlos Delano
Rebouças
Deitado em minha cama, com o celular nas mãos e em frente à
TV, nem sempre é sinal de que estou desopilando e relaxo. Na verdade, a programação
da TV nem sempre é atrativa, e o mundo virtual já até não tem muito a oferecer.
Sinto que devo partir para outra.
Sentar-me na frente de meu computador e ver aquele teclado
pedido as minhas digitais, parece muito mais que uma simples vontade. O
pensamento parece ansioso para ser codificado, na certeza de que alguém vai
apreciá-lo, prazerosamente, e não, simplesmente, decodificar ou restringir-se ao
seu título.
A escrita e a leitura são as irmãs gêmeas de mesma placenta,
cuja mãe “conhecimento” precisa descobrir quem é seus pais. Alguns dizem que é
somente a vontade de se manifestar; outros, categoricamente gritam: é o prazer,
o prazer, o prazer!
Alguém duvida do grito em defesa do prazer em escrever,
quando sequer temos a certeza de quem muitos vão ler além de nós, anônimos
autores? Eu não.
Um dia, e veja que já faz tanto tempo que os estalos dos
dedos mais parecem ecos, o homem das cavernas codificava em seus interiores por
diversas razões. Ora pela necessidade básica de se comunicar com o semelhante
que por ali certamente iria passar; ora para deixar suas marcas, aquelas que se
traduzem em cultura. Sinais que representam muito de alguém que representa um
povo e seus costumes.
E como explicar a atitude de escrever a quem sequer lhe tem
uma identificação? Um dia ouvi de um amigo que para postagens nas redes sociais
que não venham acompanhadas de imagens, o caminho do indicador é a tecla “delete”.
O seu argumento é esse: “Por que perder tempo lendo um texto tão comprido; quem
publica isso devia se tocar que ninguém tem interesse em ler”.
Reações, somente. Esperadas? Sim e lamentáveis.
Sem jamais me render, continuo a semear o meu prazer pela escrita. Escrevo certo de que sempre existirá um leitor especial, aquele que está sempre ao meu lado exercitando o seu prazer pela leitura. Esse leitor sou eu.
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