Por Carlos Delano Rebouças
Um jovem semianalfabeto, já com seus 17 anos, e ainda estagnado na vida, após
abandono espontâneo na 2ª série do ensino fundamental, foi presenteado com um
livro. Se o presente falasse, diria: Muito prazer, meu nome é livro.
Perplexo,
olhava para o material editado em busca de imagens, logo na primeira página.
Aceitável, pois geralmente é o que mais atrai, à primeira vista.
Mas
o jovem queria mais. Demonstrava toda a sua angústia a cada folha que passava,
sem mesmo ler uma frase. Coitado, quantas dificuldades demonstrar ter em
decodificar! Prefere fixar sua atenção às quase inexistentes imagens, que ficam
em segundo plano numa excelente obra da literatura brasileira.
O
jovem parece perdido, como se buscasse entender aquilo que foi lhe ofertado.
Pergunta quem escreveu; busca detalhes sobre a obra, sob a visão de quem o
presenteou; tenta repassar que não é tão desconhecedor quando se percebe;
porém, não consegue evitar que se entenda que um livro é algo que está anos luz
distante de sua realidade.
Será
que foi covardia dar um presente destes a um jovem tão bem parecido,
comunicativo, habilidoso com equipamentos eletrônicos, e que sonha em um dia
vencer na vida? Prefiro acreditar que se tratou de um belo incentivo para que
este jovem melhore seu intelecto e volte a estudar.
Covardia
é deixar de incentivar a leitura e desvalorizar a educação como um todo. Triste
é ver tantos brasileiros, em todas as faixas etárias, sobretudo, nas fases
iniciais da vida, sendo mal orientados quanto à educação. Estudantes que
aprendem desde cedo que a educação só é importante pela necessidade de trilhar
melhores caminhos na vida profissional, e não, como uma necessidade de
edificação humana, em primeiro lugar.
O
presente assustou o jovem. Jamais acreditava receber um livro de presente, e
veja que nem era seu aniversário. Porém, quem o presenteou não poupou esforços
para incentivá-lo à leitura, tanto que a concluiu, na íntegra, e acreditem, já
pensa até em ler uma segunda obra.
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