quarta-feira, 15 de novembro de 2017

O QUE FAZ UM PROFESSOR SORRIR?


Autor: Carlos Delano Rebouças

Sei que um salário digno e o justo reconhecimento de sua função social é a resposta majoritária, seja ela de professores, seja de quem acompanha de alguma forma a saga desses profissionais ao longo da história de um Brasil que parece não enxergar a educação como uma prioridade.

Antes de entrar no mérito dessa discussão, cabe ressaltar que países bem mais desenvolvidos – para não dizer infinitamente – no aspecto educação que o Brasil deram e continuam a dar provas de que o professor tem o seu valor e que merece sempre ser reconhecido por toda a sua importância no contexto social de uma nação. A Finlândia, por exemplo, quando preferiu se emancipar do domínio russo em 1917, decidiu manter-se na defensiva e estruturar o país com investimentos na educação de qualidade de seu povo, como uma estratégia mais inteligente de preparar uma base para as futuras gerações. Certamente na frente dessa linha de batalha estava o professor bem preparado e valorizado.

Muitos outros países do mundo demonstram por meio de dados relacionados à qualidade de vida de seu povo, à economia, à cultura, à saúde e ao desenvolvimento em geral que é pela educação e pela valorização de seus profissionais que um país cresce e evolui. Assim aparecem, dentre vários países, Finlândia (já mencionada), bem como Suécia, Suíça, Noruega, Alemanha e o Japão. Este, conforme se fala nos quatro cantos do mundo, o seu imperador se curva apenas a um profissional, e ele se chama professor. Já a Alemanha, recentemente nas palavras de sua primeira-ministra, reconhece que o seu professor ganha mais em seu país que médico e engenheiro, por exemplo, por não serem “pessoas” comuns.


Diante dessa contextualização da educação em níveis mundiais, pela qual pode situar os leitores sobre a visão que determinados países evoluídos têm sobre ela e seus profissionais, voltemos à realidade brasileira, esta que parece inerte em relação aos interesses maiores de uma nação que resiste em acreditar no seu crescimento, que mais parece como rabo de cavalo, mascarado por duvidosos dados e números que podem não significar uma verdade absoluta. É o retrato incontestável de um cenário de completa desvalorização da educação, que ludibria a todos – educadores e alunos, pais e responsáveis, e sociedade – impiedosamente, criando um mundo de faz de conta que serve de pano de fundo apenas para a sustentação de argumentos para viáveis para empreendimentos pessoais ou restritos de uma minoria interessada.

Mesmo com tudo isso acontecendo às claras, embora enxergado apenas pelos olhos mais esclarecidos, o professor continua firme e forte no exercício de seu papel, obviamente, resistente às adversidades historicamente conhecidas por todos (salário não condizente com a sua contribuição social, falta de segurança no exercício de suas atividades em sala de aula, desvalorização profissional por parte de uma sociedade, reduzidas políticas públicas de incentivo a sua melhor qualificação etc.).

Mas o verdadeiro professor – aquele o qual podemos definir como “educador” – sorrir não somente com um fugaz reconhecimento, mas também em meio às inúmeras dificuldades vividas. Ele, na sua extrema maioria, já está calejado diante das injustiças sofridas e das lamentações de uma sociedade que olha para ele com pena, como se não tivesse valor. O seu sorriso se estampa quando sabe que contribui para uma transformação, seja ela ao final de cada aula, seja no final de um curto ou médio período que também pode se definir como o sucesso de seus alunos.

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