Autor: Carlos Delano Rebouças
Sei
que um salário digno e o justo reconhecimento de sua função social é a resposta
majoritária, seja ela de professores, seja de quem acompanha de alguma forma a
saga desses profissionais ao longo da história de um Brasil que parece não
enxergar a educação como uma prioridade.
Antes
de entrar no mérito dessa discussão, cabe ressaltar que países bem mais
desenvolvidos – para não dizer infinitamente – no aspecto educação que o Brasil
deram e continuam a dar provas de que o professor tem o seu valor e que merece
sempre ser reconhecido por toda a sua importância no contexto social de uma
nação. A Finlândia, por exemplo, quando preferiu se emancipar do domínio russo
em 1917, decidiu manter-se na defensiva e estruturar o país com investimentos
na educação de qualidade de seu povo, como uma estratégia mais inteligente de
preparar uma base para as futuras gerações. Certamente na frente dessa linha de
batalha estava o professor bem preparado e valorizado.
Muitos
outros países do mundo demonstram por meio de dados relacionados à qualidade de
vida de seu povo, à economia, à cultura, à saúde e ao desenvolvimento em geral
que é pela educação e pela valorização de seus profissionais que um país cresce
e evolui. Assim aparecem, dentre vários países, Finlândia (já mencionada), bem
como Suécia, Suíça, Noruega, Alemanha e o Japão. Este, conforme se fala nos
quatro cantos do mundo, o seu imperador se curva apenas a um profissional, e
ele se chama professor. Já a Alemanha, recentemente nas palavras de sua
primeira-ministra, reconhece que o seu professor ganha mais em seu país que
médico e engenheiro, por exemplo, por não serem “pessoas” comuns.
Diante
dessa contextualização da educação em níveis mundiais, pela qual pode situar os
leitores sobre a visão que determinados países evoluídos têm sobre ela e seus
profissionais, voltemos à realidade brasileira, esta que parece inerte em
relação aos interesses maiores de uma nação que resiste em acreditar no seu
crescimento, que mais parece como rabo de cavalo, mascarado por duvidosos dados
e números que podem não significar uma verdade absoluta. É o retrato
incontestável de um cenário de completa desvalorização da educação, que ludibria
a todos – educadores e alunos, pais e responsáveis, e sociedade – impiedosamente,
criando um mundo de faz de conta que serve de pano de fundo apenas para a
sustentação de argumentos para viáveis para empreendimentos pessoais ou
restritos de uma minoria interessada.
Mesmo
com tudo isso acontecendo às claras, embora enxergado apenas pelos olhos mais
esclarecidos, o professor continua firme e forte no exercício de seu papel,
obviamente, resistente às adversidades historicamente conhecidas por todos
(salário não condizente com a sua contribuição social, falta de segurança no
exercício de suas atividades em sala de aula, desvalorização profissional por
parte de uma sociedade, reduzidas políticas públicas de incentivo a sua melhor
qualificação etc.).
Mas
o verdadeiro professor – aquele o qual podemos definir como “educador” – sorrir
não somente com um fugaz reconhecimento, mas também em meio às inúmeras
dificuldades vividas. Ele, na sua extrema maioria, já está calejado diante das
injustiças sofridas e das lamentações de uma sociedade que olha para ele com
pena, como se não tivesse valor. O seu sorriso se estampa quando sabe que
contribui para uma transformação, seja ela ao final de cada aula, seja no final
de um curto ou médio período que também pode se definir como o sucesso de seus
alunos.