quinta-feira, 12 de outubro de 2017

O QUE APRENDEMOS E SUA RELAÇÃO COM A APRENDIZAGEM


Por Carlos Delano Rebouças

Apesar de ter iniciado a minha vida na educação, como profissional, há cerca de 20 anos, bem mais dedicado nos últimos 10 anos, muita coisa contribuiu e continua a influenciar na vida desse profissional. Experimentado em muitos segmentos de atuação e reconhecedor de que os diversos saberes servem incontestavelmente para o perfeito processo de formação e edificação humana e profissional, hoje tenho bem mais certeza de que o processo de educação precisa ser complementado.

Muitos anos no transporte e poucos outros na indústria, no comércio e nos serviços fazem desse professor um contador de histórias, o Forrest Gump das salas de aula, que tudo ilustra com uma história verdadeira, sob os olhares curiosos e duvidosos de muitos. E para não perder a oportunidade, certa vez, participando de um processo de seleção para supervisor comercial, ouvi de um dos diretores: “Se estivesse precisando de um professor, seria o contratado”. Era tudo que precisava ouvir de alguém que sequer leu o meu currículo e, no ápice de sua lucidez, fez de mim – que pensava em dar um tempo na docência – agradecê-lo entusiasmadamente pela oportunidade de não me contratar. Ali nascia um novo profissional de educação e sepultava um péssimo e quase futuro que se tornou “ex” supervisor comercial.

E a vida continuou na contramão dos interesses que trilhamos nas ainda precárias instalações do Centro de Humanidades da UECE. Entre abandonos e retornos, estamos nós em sala de aula contribuindo para a educação, contando fatos e estórias de quando trabalhamos no transporte urbano de Fortaleza, no sistema PETROBRAS, nas plataformas marítimas do Paracuru/CE, nas visitas comerciais pelo Martins e tantas outras que se apagaram na memória desse homem lutador.

Depois de tanto garimpar no mercado de trabalho em busca de um espaço que acreditava ser meu. A sala de aula vem sendo o meu encontro inevitável. Nela, posso tratar da educação de forma profissional, contribuindo para a formação de profissionais da indústria, comércio e transporte. Nela, trabalho na educação regular, no ensino fundamental e médio, em cursos livres, treinamentos e capacitações. Nela posso falar de todas as nossas experiências, ricas e marcantes, intrigantes também, mas que servem de excelente pano de fundo para nortear crianças, jovens e adultos que buscam se edificar para um mundo repleto de oportunidades, acreditem!

Hoje, no exercício do magistério, somos a Língua Portuguesa, mas como não falar da história, da geografia, da matemática e de tantas outras que fazem parte de nossa rotina diária de vida? O universo humano deve ser tratado sempre e tudo que o permeia. Toda e qualquer atividade profissional precisa de diversos saberes para assomar a sua expertise, e cabe a nós – professores – ajudar nessa soma de conhecimentos, mesmo que tenhamos que abandonar por alguns preciosos minutos o componente curricular a seguir na sua rigorosidade, mas certos que por uma nobre causa.

Somos educação, e não apenas a Língua Portuguesa e a necessidade de seu saber como relevante ferramenta de sobrevivência profissional. Somos uma parte de um todo que se soma a outras partes comprometidas com a educação. Sou crente que saberes são diversos, vivências ilustram tão bem ou até mais que repetidas histórias contadas nos livros. A nossa história é contínua como o conhecimento. 

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