quinta-feira, 5 de abril de 2012


Combustível é reprovado em análise e está em falta no Ceará

A gasolina trazida dos Estados Unidos de navio é reprovada na análise química e distribuidoras não conseguem repor estoque para o Ceará. Compra emergencial foi feita em estados vizinhos e deve chegar até o fim de semana

DEIVYSON TEIXEIRA
Dos cerca de 1.100 postos do Ceará, 400 estão na Capital e Região Metropolitana

Está faltando gasolina, comum e aditivada, nas distribuidoras de combustíveis que atendem ao Ceará. Um navio que trouxe o produto dos Estados Unidos, e ancorou em Fortaleza na segunda-feira, zarpou ontem pela manhã porque não teve o estoque aprovado na análise padrão. Com isso, não houve reabastecimento. A reposição dos estoques deverá ser emergencial, e só parcial, neste feriadão. Para álcool e diesel, a situação dos estoques é considerada normal.

Uma das medidas tomadas, segundo o presidente do Sindipostos, Vilanildo Jorge, já foi a compra de gasolina nos vizinhos Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte. O produto deverá ser trazido com urgência em caminhões bitrem (com dois tanques puxados por uma mesma carreta) ou vindo em outro navio. Ontem, a previsão era de que os primeiros milhares de litros cheguem a partir de amanhã ou até domingo. A reposição de gasolina nas principais distribuidoras só deve ser normalizada no início da próxima semana.

O POVO não conseguiu confirmar o nome do navio nem quantos milhões de litros seriam desembarcados. A quantidade seria suficiente para atender à rede de postos no Ceará por cerca de uma semana, segundo um empresário dono de dois postos e que pediu para não ser identificado. “Só tenho gasolina até amanhã (hoje) nos meus tanques. E não tenho onde comprar”, afirmou. Disse ter procurado as distribuidoras ALE, Ipiranga, Petrobras e SP e todas confirmaram a falta do produto.

O empresário descreveu o cenário: “De colapso”. Um posto dele, em dias da semana, vende, em média, 6 mil litros/dia. Quantidade que vai para 8 mil litros/dia nos fins de semana e feriadões – como o que começou hoje. Ontem, ele tentava comprar estoques do Rio Grande do Norte. Até cinco navios atracam no Ceará, por mês, para reabastecimento das distribuidoras.

O exame, feito por químicos da Petrobras, teria rejeitado o combustível norte-americano porque não obedecia a padrões da legislação brasileira – que observa condições ideais determinadas de octanagem (resistência a altas temperaturas), coloração, armazenamento e outras características técnicas.

Seis fontes ouvidas pelo O POVO (compradores, distribuidores e o Sindipostos) confirmaram a situação de desabastecimento. De fornecedores, foram procuradas a BR Distribuidora, a SP Distribuidora e a Distribuidora ALE. Algumas vezes, o jornalista não se identificou repórter. Quando fez isso, ninguém (exceto o empresário que pediu anonimato) admitiu se poderá haver falha no atendimento nas bombas nos próximos dias.

A informação dada pelo gerente geral da BR Distribuidora, Manoel Soares é que o dano nas bombas será maior para os postos de bandeira branca – aqueles não atrelados a uma distribuidora somente e que repõem seus estoques comprando em avulso. “Dos nossos da rede Petrobras não haverá problema”, garantiu. E confirmou a espera de outro navio que traria mais gasolina.

O Ceará tem cerca de 1.100 postos; dos quais, 400 estão na Capital e Região Metropolitana. A BR é considerada a maior das distribuidoras - cerca de 200 estabelecimentos credenciados, número informado por Manoel Soares. O assessor de economia do Sindipostos, Antônio José Costa, disse que os postos bandeira branca representam mais de 20% dos estabelecimentos no Estado e funcionam principalmente no Interior.



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