terça-feira, 5 de janeiro de 2016

MEU PROFESSOR: MEU SUPER-HERÓI

Por Carlos Delano Rebouças

Abraçar a profissão de professor é muito mais do que um ofício que usa o repasse e compartilhamento de conhecimentos na edificação humana, e sim, de assumir a responsabilidade de se tornar uma referência para muitos, especialmente para o seu aluno.
A escola e sala de aula, para muitos alunos, por incrível que pareça, representam o seu mundo, ou seja, espaços onde se sentem mais libertos e mais acolhidos, e onde conseguem enxergar em determinadas figuras, como em colegas e profissionais, qualidades e valores que já não enxergam, infelizmente, nos componentes da família, em casa.
O professor é um deles. Esse profissional de educação, que passa boa parte, aliás, grande parte do dia de tantos alunos, dividindo um espaço físico na construção de conhecimentos, também passa a dividir o espaço em seus corações, em suas vidas, fazendo quem sabe, vezes de pai e mãe, ou mesmo dos dois, não pela carência física, mas pela ausência e omissão.
Engana-se quem pensa que enxergar no professor um super-herói é comum em alunos menos privilegiados socialmente; aqueles que sofrem bem mais com as consequências de um mundo tão desigual. O Super-homem ou Mulher maravilha da educação é muito comum existir no coração e no pensamento dos mais favorecidos.
Muitos alunos de classe alta, filhos que possuem tudo que tem preço, mas que desconhecem valores, e que seus pais acreditam que já é o bastante, sofrem pelo distanciamento dos pais, pela falta de carinho e atenção. Carentes de serem indagados sobre como foi a aula do dia, por exemplo, ou mesmo o pedido para ver a tarefa executada em sala, através da leitura de seu caderno ou agenda.
Não encontrando essa atenção em casa, certamente busca em outro lugar e/ou em outra pessoa. Em alguns casos, infelizmente, encontra na rua, no mundo e no traficante. Em outros casos, encontra no professor, sem dúvida bem melhor, em sala de aula aquela atenção que tanto sente falta e aquele carinho que nem lembra mais se um dia recebeu. O Professor passa a representar não somente uma referência de educação, como o é; passa também a ser também aquele “paizão” de vários “filhos”, embora se tenham muitos deles muito bem assistidos pelos pais em casa, preparando-os para a vida.
E o que resta a esse profissional chamado professor, sem superpoderes, mas com responsabilidades inevitáveis de desconhecer?
Resta assumi-las como um legítimo educador; aquele que tem grande significância na vida de tantos discípulos, que se tornou e se torna uma referência a cada dia de conhecimento, compreensão, sabedoria e respeito. Ser professor é ser ciente que sua função social é tão importante quanto à social, e que pode, além de transformar vidas, resgatá-las e revitalizá-las.

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