quinta-feira, 11 de agosto de 2016

SENTIMENTOS DE UM VENCEDOR


Por Carlos Delano Rebouças

Entre risos de felicidades e lágrimas de decepção se constroem vitórias e derrotas no esporte e na vida. De vez em quando as lágrimas de tristeza se confundem com as de alegria, quando, incontestavelmente, significam o resultado de uma duradoura batalha iniciada desde sempre.

Para muitos, essa batalha pela sobrevivência sempre foi de muito tempo, começando numa infância recheada de dificuldades. A fome e a miséria sempre foram os maiores adversários. Impiedosos, parecem oponentes invencíveis nessa batalha pela sobrevivência em um mundo que não define categorias.

Inúmeros são os países que participam dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. São tantos que sequer sabia o nome, muito menos, a qualidade de vida e o suporte dado aos seus representantes. Alguns deles, principalmente as grandes potências, parecem tratar seus atletas como se fosse um diamante, aliás, uma medalha de ouro já conquistada. O time de basquete dos Estados Unidos, por exemplo, que não me deixe mentir. No hipismo, até os cavalos têm tratamento de rei. Valem fortunas que muitos pequeninos países, que desfilaram com a sua humildade na festa de abertura, não conseguem mensurar, quanto mais, imaginar a diferença que fariam na vida de tantos conterrâneos que vivem numa miséria absoluta.

Como foi bonita a conquista da Rafaela Silva: menina sofrida, de uma comunidade pobre do Rio de Janeiro, que carrega na mente e no coração lembranças e mágoas de muitos sofrimentos, e que aprendeu a reverter todas as adversidades em sua vida. Hoje, com o apoio de poucos, representa a Marinha do Brasil e conquista a medalha de ouro no judô, que escapou de suas mãos em Londres, por um descuido maroto.

Assim nasceu um campeão. Muito mais da vida que do esporte. Rafaela é símbolo de luta e perseverança, e, certamente, servirá de motivação para muitos outros brasileiros tão sofridos quanto ela.

Sabemos que sua imagem já foi e será ainda muito explorada, até que não venha outro atleta nesses jogos olímpicos a conquistar a tão desejada medalha de ouro e dividir com Rafaela as honras de herói de um país carente de ídolos. Mas, certamente, não acredito que venha a ter outro atleta na delegação brasileira com uma história de vida tão bonita, que melhor justifique suas lágrimas e sua alegria por uma conquista.

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