segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

E o que nos resta?



Por Carlos Delano Rebouças

O Código de Hamurabi, conjunto de leis escritas pelo rei Hamurabi da Mesopotâmia, cujo um dos exemplos mais bem preservados desse tipo de texto leva a acreditar em casos que serviam como modelos a serem aplicados em questões semelhantes.

Para limitar as penas, o Código anotou o princípio de Talião, sinônimo de retaliação. Por esse princípio, a pena não seria uma vingança desmedida, mas proporcional à ofensa cometida pelo criminoso. E sendo assim perpetua por gerações, em todo o mundo, a máxima do "olho por olho, dente por dente".

No Brasil, em pleno século XXI, parece que a resolução das diversas questões sociais – que envolvem mazelas que se multiplicam fora do controle estatal e contando com sua conivência e negligência – caminha para adoção desse pensamento. Na justiça, não se acredita mais, por vários e visíveis aspectos que a desmoraliza e a impossibilita de ser vista como a única acima de qualquer suspeita.

Hoje o crime toma conta do país, organizado e instalado em todas as suas regiões, tendo como quartel-general dos seus líderes não somente penitenciárias estaduais e federais, mas também instalações públicas dos três poderes, que fingem defender o povo e seus interesses, mas que na verdade defendem apenas os seus e de seus representantes, que são maiores que qualquer outro, até mesmo de suas honras.

O cidadão está desprotegido, acuado em suas casas, até que o crime o mande abandoná-las, ou diretamente em voz altiva, ou por meio de recados em muros, criminosos também contra a nossa língua portuguesa, mas que pelo medo, aprende-se rapidamente a decodificar. A sociedade está refém do crime que determina as regras, que tira os direitos que ainda nos restam, mesmo os poucos que sobraram depois de toda limpeza feita por um governo que não governa para a sua sociedade. Hoje somos um projeto de sociedade que um dia pareceu, que caminha em passos para o seu fim, o fim de sonhos, de credibilidade mundial e de respeito, até dos mais nanicos, mundo afora, que nos dão uma aula de cidadania.


E quais são as perspectivas para o futuro? Não vejo luz no final desse túnel; na verdade, vejo um bando de loucos que não mais sabe o que quer nem mesmo no acreditar. São brasileiros sedentos de encontrar um “salvador da pátria”, à beira de decidir revidar da mesma forma, transformando o Brasil literalmente numa terra, numa terra mesmo, que nos últimos tempos forma mais bandido que mocinho.

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