segunda-feira, 5 de junho de 2017

ARENAS DOS RICOS E DA SEDE DOS POBRES

Por Carlos Delano Rebouças

De uns anos para cá, principalmente depois dos preparativos para a Copa do Mundo que aconteceu no Brasil, parece que futebol se tornou diversão de rico e brincadeira de mau gosto para pobres, torcedores, que apreciam frequentar estádios de futebol.

Para começar, novas denominações passaram a existir. Vejamos: estádio agora se chama arena, e o que era antes um espaço para o futebol, hoje, denomina-se multiuso; são divididos em diversos setores, onde antes, eram praticamente arquibancada e geral; imprensa tinha seu espaço; hoje, é para algumas emissoras privilegiadas, com direitos exclusivos de transmissão; antes, torcedor levava o radinho, e hoje, não esquece seu celular para registrar seus momentos e não, lances da partida. Tanta coisa mudou, até o tipo de torcedor.

Quanta saudade da laranja descascada, do rolete de cana-de-açúcar, do grito de chá e café, do din din que virou Marujinho, da broa, das rosquinhas e até da cachaça levada pelos seus apreciadores. Tinha de tudo e tudo compartilhado, com respeito e parceria, até entre torcedores rivais, mesmo que cada um defendesse suas cores e a paixão pelo seu clube.

O torcedor mais humilde se divertia da mesma forma que aqueles mais privilegiados financeiramente. Pegava seu ônibus ou os caminhões, fretados, e na sua lotação, cantava com alegria até sua chegada ao estádio. Gastava-se muito pouco para ter uma alegria imensurável.

Hoje é bem diferente, aliás, muito diferente em todos os aspectos. A começar, pelo preço dos ingressos, que fogem totalmente da realidade financeira do torcedor brasileiro. Fica impraticável ir a todos os jogos como se fazia antes.

Verifica-se também uma escancarada exploração dentro dos estádios, onde se cobra absurdos em produtos como água ou refrigerantes. Como pode um torcedor levar sua família para assistir aos jogos de seu time e deixar todo mundo morrendo de sede? Vejam que outros produtos apresentam preços exorbitantes, sob o monopólio de administradores de bares e lanchonetes que parecem ser de praças europeias.

Resta somente ao torcedor tomar sua água, seu refrigerante e sua cerveja, e comer seu famoso cai duro nos arredores do estádio, antes de entrar, porque, depois de ingressar, ou se rende à exploração, ou restará somente recordar dos velhos tempos onde estádios eram estádios e não arenas.


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