quarta-feira, 26 de abril de 2017

COMO RECOMPENSA UM DIPLOMA



por Carlos Delano Rebouças

Sei que este meu texto irá certamente causar um mal-estar muito grande entre os leitores, perdoem-me, mas não posso me omitir em emitir a minha opinião diante da realidade que envolve a educação do nosso país.

Há algumas décadas em nosso país, mais precisamente até 20 anos atrás, poucas eram as universidades e faculdades particulares, bem como quase inexistiam incentivos para que se pudesse ingressar no ensino superior no Brasil. Restavam somente três caminhos: estacionar no ensino secundário; estudar para ingressar em uma universidade pública; ou buscar algum crédito estudantil, que eram bastante restritos, para ingressar nas poucas universidades particulares.

Diante dessas condições, o sonho de muitos brasileiros era o de somente concluir o antigo segundo grau, ou, em uma hipótese diferente, mas em mesmo nível, uma formação de caráter técnico, responsável pelo exercício de uma profissão. Incentivos até que existiam para esse fim, principalmente partindo de parcerias com entidades industriais. Em contrapartida, aqueles que adquiriram uma formação superior sabiam que precisavam estudar um pouco mais para levar vantagem competitiva nos processos vestibulares. Não sendo por esse caminho, seria por uma concorrência bem menor, mas em uma universidade privada com custos elevados desde a inscrição nos concursos, que distanciava muitos candidatos.

Com o passar dos anos, muito mudou quanto às possibilidades para a aquisição de uma formação superior. Hoje, além das tradicionais instituições públicas de ensino superior que passaram a oferecer um maior e mais variado número de cursos e vagas, cresceu exponencialmente o número de universidades e faculdades particulares no Brasil, juntamente com a abertura de créditos para financiamentos, elevando, circunstancialmente, as oportunidades para a conquista de um diploma de ensino superior, cada vez mais exigido pelo atual mercado. É ter a certeza de que o ensino superior está acessível a qualquer brasileiro.

Essa acessibilidade é que é vista, infelizmente, como oportuna por muitos brasileiros pelos caminhos e critérios exigidos. Muitos, sabendo que em cada esquina do nosso país existe uma faculdade com cursos bem mais em conta do que o que cobram as escolas particulares de alunos em suas séries iniciais, cujos vestibulares não se apresentam exigentes quanto aos conhecimentos adquiridos, às vezes, apenas por meio de uma simples redação, suficiente para constar que foi feita uma avaliação, não se esforçam durante a sua vida escolar no ensino básico. Vários chegam até a abandonar os estudos, voltando posteriormente em regime de supletivo, e sem demora, logo se torna um universitário no caminho de conquistar o seu canudo.

A conquista do tão desejado diploma de nível superior pelo estudante, indiferente à aquisição de conhecimentos importantes para o exercício profissional, parece, quem sabe, o combustível para as entidades formadoras saírem à caça de seus clientes, na perfeita formatação de um perfil bem mais comercial, contrapondo-se ao pensamento de ser uma instituição educacional que contribui para a transformação do homem em sociedade. É a ratificação de todos os preceitos capitalistas na educação.

E o que se vê nos bancos das universidades na sua imensa maioria, além de poucos estudantes que se mantiveram focados desde sempre no propósito de ingressar na faculdade com o objetivo de realizar o curso tão sonhado? Veem-se estudantes que ali estão somente com a meta de chegar ao fim do curso e conquistar o diploma, certo que irá conquistá-lo, independente de sua capacidade ou falta dela, de produzir um pequeno texto sem que contenha inúmeros erros grosseiros e inaceitáveis, ou mesmo realizar pequenos cálculos sem que recorra à calculadora de seu celular, para quem possui o status de universitário.

Quatro ou cinco anos se passam rapidamente. O diploma é conquistado e a festa é realizada. Todo mundo sorrindo e feliz com o canudo nas mãos, erguido como um troféu que reconhece todo um esforço feito. Pena que nem sempre em prol da educação que fora esquecida à vida inteira, contudo, lembrada em um momento oportuno.





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