quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O HOMEM, UMA ÁRVORE

por Carlos Delano Rebouças


O canal Discovery é mesmo sensacional. Vale a pena ter uma TV por assinatura só pela sua existência na sua grade. Hoje vi como pode, com a sua programação, diga-se de passagem, extraordinária, influenciar-nos nas mais diferentes reflexões. Hoje percebi como a natureza pode nos reservar semelhanças.


Conhecendo a ilha de Córsega, em território francês, pude viajar não somente nas suas belezas naturais, na sua arquitetura, na sua história, e nem tão menos no costume de seu povo, mas sim, em tudo isso e mais um pouco.  Ou seja, realizei uma viagem no meu imaginário, e descobri, quando no episódio foi abordada a sua exuberante flora, com suas magníficas florestas, as quais oferecem um incomparável pano de fundo para seus castelos, igrejas, casas, que como o homem é felizardo ao se comparar com a tudo que a natureza pode oferecer.


Sessenta metros de altura e até 500 anos de vida: estas são características singulares de um pinheiro típico da ilha de Córsega. Como é preservada essa espécie de planta, aliás, todas as outras existentes, mas o pinheiro possui algo de especial! O desejo de todos é que vivam eternamente, mas para tudo isso funcionar como desejam, faz-se necessário muito empenho, dedicação e comprometimento, diante da conscientização que aquela floresta e o planeta terra muito precisam daquela espécie.


Vendo toda a imponência daquelas árvores - altas, fortes e de troncos de extenso diâmetro - senti que involuntariamente passam uma altivez digna de louvor, ao mesmo tempo, que podem permitir, especialmente a nós, humanos, seus impiedosos predadores, uma reflexão perfeita sobre muita coisa que podemos enxergar nelas, para a nossa edificação humana.


Como podemos ser tão parecidos e diferentes ao mesmo tempo, e como somos inferiores nas nossas ações?


Os pinheiros da ilha de Córsega, com seus 60 metros de altura, conseguem a chegar aos 500 anos, devido simplesmente possuir uma base muito bem fortalecida, com rígidas raízes, extensas, que permitem sustentar toda a sua estrutura que cresce com sentido aos céus. Alcança alturas surpreendentes; fincada ao solo que tem como base de sua existência, sob a bênção da mãe natureza, com olhos bem abertos para as atitudes do homem.


O homem, infelizmente nem sempre é assim; quem dera, parecesse um pinheiro. Deseja sempre crescer a qualquer custo e colher frutos nem sempre de uma colheita semeada, mas quase sempre renega suas origens, além de desvalorizar, na maioria das vezes, investimentos necessários para o fortalecimento de sua base, quando a semente é a educação, a ética e a cidadania.


Quão injusto é o homem consigo mesmo, não é verdade amigos? Recebe a semente, mas não tem sabedoria para plantar, semear e colher seus frutos. E ainda consegue encontrar argumentos para cobrar, exigir e até justificar muita coisa que sequer se esforçou para fazer jus aos seus resultados. Torna-se, o homem, uma grande massa física, que parece ter força e resistência, e vida longa, mas nada disso se confirma, já que está estabelecida numa base fragilizada de conhecimento e de sabedoria, que em nada remete a vislumbrar uma vida longa e de sucesso, muito pelo contrário.


Mas ele, o homem, quer mostrar-se forte. Arma-se de uma serra motorizada, daquelas que só o seu barulho é o suficiente para causar indignação em qualquer pessoa sensata, e manda abaixo aquele imenso pinheiro. Cai aquela estrutura, que outrora parecia imponente, diante da ambição humana, de sua fraqueza e de sua pequenez.


Como somos injustos com a mão natureza! Assim é como age o homem em tantas partes do mundo, exceto, naquela bela floresta da ilha de Córsega.


De parabéns está a Discovery com a sua programação. De parabéns também está a população francesa, em especial, daquela pacata ilha europeia. Que ensinamentos estão nos dando. Obrigado gigante pinheiro, que carrego no meu sobrenome, que me inspirou a tratar de sua delicadeza e a contribuir para a edificação humana.

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