quarta-feira, 16 de novembro de 2016

GERUNDIANDO A VIDA

por Carlos Delano Rebouças

A principal característica do gerúndio é que ele indica uma ação contínua, que está, esteve ou estará em andamento, ou seja, um processo verbal não finalizado.
Muitas vezes nos conduzimos assim – quase sempre com projetos inacabados – seja no âmbito pessoal, seja no profissional, e que podem ser temporários ou definitivos, dependendo muito da atitude dos envolvidos.
A terminação “NDO” é a mais fácil identificação de um termo no gerúndio, independentemente da conjugação verbal. Realizando, querendo ou agindo são exemplos clássicos e pertinentes para exemplificar a forma nominal dos verbos em questão, sobretudo, quando passa a agregar bem mais características de substantivos, adjetivos e advérbios, com a perda de seus traços de verbo, por não flexionar quanto ao tempo e modo.
Gerundiar na vida parece esquisito, tanto quanto entender o processo de formação de palavras. Neste caso, a derivação imprópria, quando houve a transformação de um substantivo em um verbo, numa mudança de classe gramatical, que, semanticamente, em nada interfere no sentido deste texto que trata de transformações na vida.
Na vida, o ato de gerundiá-la, de estendê-la, de vê-la, continuamente, nas suas ações é muito mais que somente um prolongamento. Na verdade, trata-se do ganho de um tempo, que o gerúndio sente a orfandade.  E que de modo algum pode garantir um final feliz e esperado.

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