quarta-feira, 11 de maio de 2016

Oi Tio!



Por Carlos Delano Rebouças

Chegando à escola, passo a passo nos largos corredores a caminho da sala dos Professores, não demora muito a ouvir “oi tio”, seguido de acenos. Cumprimentos recebidos de alunos, sem parentesco algum, mas que significa muito diante de tantas controvérsias.

A rotina do “tio” em sala de aula nem sempre é daquelas tão prazerosas. Bem da verdade, muitas vezes parece incontestavelmente desmotivadora. Não se trata de ministrar aulas, elaborar e corrigir testes e cumprir prazos. É muito mais que isso, quando aceitamos também a condição de educador, partícipe incondicional do processo educativo dos alunos ao lado da instituição escola, família e sociedade.

Um dia desses, numa conversa de rede social, indiretamente me senti um árbitro de um combate de opiniões entre dois colegas, que discutiam sobre ser Professor e ser Educador. Nessa discussão, que não levou a nada, somente a uma das partes se irritar e se desligar do grupo. Pobre colega, menos um “tio” a participar de um grupo que nasceu para incluir, mas que pela intransigência e intolerância, mostra o contrário.

Para o aluno o Professor é o “ tio” quase de verdade, que só falta correr nas veias o mesmo sangue. Por ele cria afinidade, carinho e nem sempre respeito. Alguma dúvida quanto a isso?

Desgastes insistem em insistir, e levam a relacionamentos difíceis nessa convivência diária de profissionalismo, com cara de família. Alunos e professores num espaço seus, diários, repletos de fatores propícios à boa educação e formação, e porque não, à fortalecimento de laços que nem sempre existem com parentes mais próximos. Tornam-se indiscutivelmente família.

Mas até que ponto esse sentimento fraterno e familiar interfere diretamente na formação humana e profissional, antes, educacional do aluno? Como essa existencial condição favorece ou não o profissional de educação? E quando essa relação não é tão amistosa e familiar, quais seus possíveis reflexos?

Sirvam-se de reflexão. No momento, depois de tantos “oi tio”, preciso atender ao meu ofício, pois mais uma aula começa e o tempo é ouro no processo educativo de meus alunos. “Que sabe faz a hora, não espera acontecer.”



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