terça-feira, 22 de setembro de 2015

A SOCIOLINGUÍSTICA BRASILEIRA

Por Carlos Delano Rebouças

O “S” é esquecido no final, meu, lá para os paulistanos. Já o viste, “visse” para os pernambucanos. Mas para nós, cearenses, tu viste, com o verbo na segunda pessoa do singular, declina na terceira, “tu entendeu?” Contraria tudo que diz as regras gramaticais, de um tradicionalismo que reluta em se modernizar.

Confuso, não é? Assim funciona a Sociolinguística brasileira.

Pesquisando em outros estados e regiões do país, encontramos mais particularidades de uma Língua Portuguesa, abrasileirada, de arrancar risadas, espantosas, diante de culturas intrínsecas numa cultura maior, que singularizam cada componente do país, mostrando a verdadeira cara de um Brasil tão pluralizado. São os regionalismos que engrandecem a cultura brasileira.

Assistindo aos programas de TV – jornais, novelas, programas de entrevistas, dentre outros – percebemos o quanto somos diferentes uns dos outros. Apresentamos características que nos rotulam e que nos fazem ser reconhecidos por qualquer um, em qualquer lugar, não somente pelos traços físicos, mas, sobretudo, pelas expressões e o modo que as usamos, com o uso da fala no processo de comunicação, que de imediato, identifica a nossa naturalidade.

Dizem que o cearense canta ao falar. Sou suspeito para assegurar. O baiano, esse arrasta um pouco mais. Para o paraense, os dígrafos têm mais consoantes e chia parecido com o carioca. Já o gaúcho, o pronome “tu” tem mais presença nas conjugações. E para o paulistano, “mano”, como já dissera, o mesmo é “mermo” para ser usado.

 Uma vez, em um dos eventos que participava numa instituição onde trabalhei, onde reuniram colegas de várias partes do país, tive a oportunidade de me certificar da contribuição sociolinguística de um país tão rico nas suas variações. É muito bom saber que somos tão parecidos e diferentes, que apresentamo-nos assim, naturalmente; e sem esforço algum, contribuímos para as diversidades regionais, culturais de um país continental como o nosso.

Pena que para alguns, essas particularidades regionais de nossa língua, como instrumento social e cultural, signifiquem um motivo para excluir pelo atributo do preconceito, brasileiros, num total desrespeito às suas origens, sem a justa valorização das riquezas da linguagem.

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