terça-feira, 16 de setembro de 2014

DESABAFO DE UMA PESSOA QUE SE SENTE VAZIA


Por Professor Carlos Delano Rebouças

Não sei o que acontece comigo, pois nada me interesse saber, conhecer e descobrir. Tudo me leva a permanecer no óbvio, simplesmente, e em tudo que a mim chega de forma fácil, aliás, que somente chega.

Não desgrudo do meu celular; não canso de falar com meus amigos nas redes sociais, mas na verdade, será que são de fato meus amigos? Às vezes tenho dúvidas sim, até mesmo, se tenho amigos, e se de verdade, sou eu um deles.

Os meus professores falam de tantas coisas que desconheço. Novidades que cada vez menos tenho consciência que são importantes, até mesmo porque meus colegas de sala estão desinteressados tanto quanto eu.  Ah, de que vale tudo isso? A vida é para se viver.

Por que não leio um livro, aliás, detesto qualquer tipo de leitura. Prefiro imagens e vídeos, principalmente da Internet. Quando vejo postagens no meu Facebook de textos, nem olho. Não vou perder tempo com isso. Tem coisa muita mais interessante para ver na net do que artigos e crônicas publicadas e ainda tem gente que insiste com essas coisas.

Meus pais já desistiram de mim. Cansaram de chamar a minha atenção. Faz tempo que não escuto: Vai estudar menino! Larga desse celular e se agarrar com o livro! Teve um tempo que meu pai queria que eu assistisse toda noite o Jornal Nacional. Não jantávamos enquanto não fizesse isso. Desistiu rapidamente, se não, morreríamos de fome.

Repito pela terceira vez o 6º ano, e meus amigos da rua, já estão lá na frente. Minha mãe diz que eles vão ser gente, enquanto eu, concorrendo com os burros, para puxar carroça. Minha mãe não perdoa, mas sei que ela e meu pai poderiam ter insistido mais comigo e não ter desistido tão facilmente. Vi tantos colegas meus de classe, que estavam como eu – nem aí para a educação, para a formação e para a preparação para a vida, para o mundo – mas sabe o que aconteceu? Seus pais insistiram e mudaram suas vidas. Hoje são grandes estudantes, leitores, participativos, porém, em séries mais adiantadas, porque fiquei para trás.

Tenho consciência que cometi erros, e que esse vazio que dizem e assumo existir dentro de mim, pode ser preenchido e recuperado. Basta-me querer. Posso me tornar diferente de muitos, que hoje representam a minha imagem, lapidada exclusivamente por mim e pelo mundo. Sabendo disso e tendo essa consciência, reconheço que se trata do primeiro passo para a minha transformação. Quero que aconteça, absolutamente, logo, logo, logo...

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