segunda-feira, 28 de julho de 2014

COMO COLOCAR DOCE EM BOCA DE CRIANÇA



COMO COLOCAR DOCE EM BOCA DE CRIANÇA
Autor: Carlos Delano Rebouças

Outubro se aproxima e mais um pleito acontece no Brasil. Eleições nas esferas estadual e federal, para o legislativo e executivo, tomam conta de um país carente de tantas coisas.

Após o fracasso da seleção brasileira na copa do mundo, em junho/julho, o povo brasileiro engatilha de imediato outro grande evento em seu país, que são as eleições para presidente, governador, senadores e deputados estaduais, distrital e federal. Eventos que mexem e sempre mexeram com a cabeça do brasileiro, nos mais diferentes interesses.

A copa do mundo, em especial, esta última realizada em nosso país, proporcionou ao brasileiro a criação de uma expectativa muito grande pela conquista de um novo título de campeão. Muito dinheiro foi gasto na construção de arenas, melhoramentos em infraestrutura para melhor atender estrangeiros que aqui viriam e vieram, e na carona de tudo isso, os brasileiros pegaram um pouco de tudo, gerando um sentimento de conquista, alegrando seus corações, arrancando um sorriso de seus rostos, como se fossem crianças presenteadas com um doce.

Na política não é bem diferente, principalmente no período de eleições. Muito dinheiro é gasto em prol de candidaturas e na expectativa que seus postulantes sejam eleitos. Certamente não há dúvida alguma que grande parte deste dinheiro gasto vem dos cofres públicos, e a outra parte, de investimentos feitos por quem investe, dizendo apoiar candidatos que certamente, também, dar-lhe-ão o retorno esperado, no momento e na medida certa. Assim funciona a política.

E o povo brasileiro, como fica e se posiciona nesse jogo de interesses?

Nas copas do mundo, como torcedores que compram, gastam, torcem, choram, alegram-se e contentam-se com um gol, uma vitória ou quem sabe, com uma conquista. Põem a mídia para funcionar e pronto! O Brasileiro já foi fisgado pelos sentimentos.

Na política, gastam-se com camisas, bonés, dentaduras, óculos de grau, uma refeição que seja, ou até uns trocados qualquer.  Até uma boa apresentação e um falso sorriso no rosto, seguido de um aperto de mão, para muitos, já é o suficiente para conquistar um voto. Depois, os eleitores saem dizendo que são seus amigos, e eleitos, somem, desaparecem, e passam longos quatro anos distantes, cuidando dos próprios interesses, que não são mais aqueles apresentados em campanha.

Fazer política no Brasil para quem tem dinheiro é muito fácil. É como conquistar a confiança de drogados oferecendo-lhes drogas; é como conquistar amigos em mesa de bar, pagando bebidas; e é, também, como conquistar o sorriso de uma criança, dando-lhe doces e balas, adoçando suas vidas, muitas vezes tão amargas, diante de tantas dificuldades.

Será que somos de fato tão fáceis de ser enganados, levados, e que uma feijoada, um litro de cachaça, uma camisa ou uma dentadura são suficientes para conquistar o nosso voto? Pode até que seja sim, e não venhamos dizer que são artifícios usados somente por políticos.

Fazemos isso sempre. Seja com nossos filhos, para conseguir alguma coisa; seja para se conseguir uma consulta médica, pois agradando se consegue; e seja também, para parecer amigo, e pintar de gente boa, perante a sociedade. Assim somos nós, brasileiros, corruptos nas mais insignificantes e diferentes situações, e que não venham dizer que a carapuça não  lhe cai bem.

Mas tudo isso pode e precisa mudar. E será que interessa mudar ou se faz algum esforço para isso? Será que já não se tornou uma condição comportamental, que não mais se identifica como desaprovada? Ou falta-nos o bom senso de identificar e aceitar que é uma mazela a ser combatida, e precisamos urgentemente reverter esta situação?


Fica difícil encontrar respostas, e enquanto isso, continuemos a praticar os mesmos erros, a perpetuá-los pelas gerações, e a engrossar, mesmo conscientes, essa imensa fila de ludibriados, como crianças conquistadas com um doce.

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