quinta-feira, 19 de junho de 2014

ENSINA A TODOS, TOTÓ!



Cuidado com o cachorro, filhinha! Alerta a mãe ao ver sua filha se aproximar do cãozinho de sua vizinha, ao passar na sua calçada, diante de seu portão, entreaberto.
A sua filhinha não pode responder, obviamente, só tem dois aninhos e não consegue entender e compreender os perigos do mundo, quem dera expressar-se, ao ponto de tranquilizar sua mãe que não havia perigo algum. Trata somente de um cãozinho pacato, aparentemente inofensivo, que ao contrario do homem, só ataca para se defender.
Pena que a garotinha não está sendo educada dessa forma – descobrindo as verdades do mundo – naturalmente. O adulto educa conforme foi educado. Forma conforme foi formado. Desenha uma realidade conforme a realidade vista sobre diferentes visões e opiniões a ela aferidas.
Pobre do Totó que se tornou perigoso para uma criancinha de dois aninhos!
Mas o Totó não é esse monstro que se desenha, não. Ele é amável, amigo, mesmo que digam que o cachorro só é o melhor amigo do homem porque não conhece dinheiro. O cachorro é fiel ao carinho que lhe é dado; a atenção sempre dedicada; ao alimento e a água conferida, como responsabilidades mínimas garantidas. Oh Totó! Quanto alegre és e demonstra ser com o balançar da pontinha do que resta de seu rabinho, cortado, para satisfazer os desejos estéticos de seu dono. Como tu és previsível, ao contrário do homem, que se diz amigo, fiel e leal, e de repente, surpreende, negativamente. Até preferimos, às vezes, conviver com os bichos, diante de tantas decepções da humanidade.
Quem sabe o Totó tenha a oportunidade de ser enxergado como deve ser, ou seja, sem o rótulo de um cão feroz, perigoso e agressivo. Quem sabe a filhinha possa um dia conhecer melhor o Totó e tirar de sua mente em formação que cãezinhos só mordem. Quem sabe sua mãe aprenda que os brutos também amam e que um cãozinho como o Totó de sua vizinha pode lhe ensinar bem mais que tantos outros animais, que se dizem civilizados.
O Totó deve está com uma pena tão grande dessa menininha, e uma ainda maior, de sua mãe, pela sua falta de sensibilidade.




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